Ricardo Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo

O presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo defendeu hoje a criação de um roteiro de todos os fortes conhecidos na ilha de São Miguel, nos Açores, para estudo e divulgação do património histórico.

Segundo Ricardo Rodrigues (PS), a autarquia já tentou no passado uma candidatura com esse objetivo, mas não teve sucesso, daí que volte a defender a sua realização.

“As ilhas têm todas fortes e tentámos candidatar isso juntamente com outros municípios a um programa que fizesse esse estudo. Infelizmente, essa candidatura não foi aprovada, mas vamos insistir para que se conheçam todos os fortes da ilha de São Miguel”, disse à agência Lusa.

O autarca apontou que as antigas estruturas defensivas da ilha são conhecidas, mas considera importante que se faça um estudo integrado de todas e das suas posições: “Estou certo de que os meus colegas [autarcas] também vão aceitar essa proposta.”

“Aliás, primeiro fiz [a candidatura] com a [Câmara Municipal da] Lagoa, para fazermos os dois concelhos, mas, infelizmente, não foi aprovada por fundos que pudessem financiar esse estudo. Vamos insistir e naturalmente que um dia será aprovada, porque isso é interessante para todos nós, para a ilha e para todos aqueles que nos visitam”, sublinhou.

Ricardo Rodrigues defende “uma divulgação integrada de todos os fortes, das suas posições”, dado que de alguns “já só existem pequenos vestígios”, e a autarquia que lidera pretende estudar e investigar mais.

“Mas isso fazia sentido em conjunto com mais municípios, para termos uma ideia geral da fortificação da ilha”, insistiu.

O autarca admite que a apresentação de uma candidatura ainda possa ocorrer no atual mandato (haverá eleições autárquicas em 2025), pois o seu município está a dar “passos significativos nesse caminho”.

“Não é para desistir. Tudo o que tem a ver com a nossa identidade e com o conhecimento das nossas raízes penso que é sempre um caminho seguro de trilhar”, afirmou.

Na ilha de São Miguel estão identificadas 33 fortificações, que foram construídas entre os séculos XVI e XIX.

No concelho de Vila Franca do Campo conhecem-se registos de cinco zonas fortificadas, num total de seis fortes, e apenas se preservam vestígios de três, segundo informação municipal.

De acordo com a fonte, durante a II Guerra Mundial, Vila Franca do Campo teve posições de metralhadoras no forte do Tagarete, na praia de Água d’Alto e na praia da Vinha d’Areia.

Escavações arqueológicas que terminam na sexta-feira no forte do Tagarete revelaram a existência de uma nova configuração do abrigo de metralhadora ligeira da Segunda Guerra Mundial, datado de 1941, que difere da documentação histórica.

Em 2023, o município anunciou que os fortes do Tagarete e do Corpo Santo foram reconstruídos virtualmente.

“Tratou-se de uma necessidade em virtude do contexto. O forte do Tagarete é uma das poucas fortificações que ainda conservam parte da sua estrutura original, mas quem for à zona vê a estrutura um pouco engolida pela envolvência do cais e da atividade piscatória”, explicou o coordenador do projeto, o arqueólogo municipal Diogo Teixeira Dias.

O objetivo, contou, foi que as pessoas percebessem a história do espaço, “o que é que ele é, como é que ele foi e o que se preservou até aos dias de hoje – refletir sobre o que foi o forte e refletir sobre o que querem que ele seja no futuro”.

 

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