O presidente da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico – Picowines (CVIP), Açores, antevê uma má produção de vinho para este ano, devido às condições meteorológicas e pragas nas culturas, o que “torna difícil a viabilidade económica” das explorações.

“Vamos com vários anos de poucas produções por hectare e este ano será mais um ano mau”, reconheceu, em declarações à agência Lusa, Losménio Goulart, presidente da Picowines, cooperativa criada há 75 anos por 21 sócios.

A cooperativa, que nasceu em 1949 e que conta atualmente com 270 sócios ativos, tem 18 referências de vinhos certificados a serem comercializados.

O responsável da cooperativa, que representa mais de 50% dos vinhos certificados da região, explicou à agência Lusa que os últimos anos vitícolas “têm sido difíceis”, porque “tem acontecido de tudo um pouco”.

“Uma vez é o míldio que ataca, outra vez é a maresia, outra vez são os nevoeiros de São João, outra vez as chuvas em excesso em cima da vindima”, assinalou, acrescentando que, por outro lado, “as espécies invasoras têm também prejudicado muito a produção”, apontando os casos do pombo trocaz, da rola ou do melro preto.

Losménio Goulart, porém, admitiu que “na ilha do Pico as produções por hectare são sempre baixas”.

“Mesmo num ano considerado bom, chegaremos, talvez, aos 2.500 quilogramas por hectare e isto não tem comparação com outras regiões do continente que chegam às 15, 20 toneladas por hectare. Isto torna difícil a viabilidade económica das explorações”, referiu ainda.

De acordo com o presidente da CVIP Picowines, “o melhor ano foi em 2019, em que a cooperativa recebeu mais de 600 toneladas de uvas”.

Mas, a partir daí, têm sido “anos maus”, já que em 2020 recebeu “um total de 340 toneladas, em 2021 um total de 230 toneladas e 2022 um total de 126 toneladas”, indicou.

Em 2023 a cooperativa recebeu 256 toneladas de uvas e para este ano a estimativa aponta para as 120 a 130 toneladas.

Losménio Goulart acrescentou que “são muitos anos maus”, se for tido em conta que se trata de produções por hectare, números que “inviabilizam qualquer negócio ou exploração”.

“Portanto, todos os anos tem acontecido de tudo um pouco”, vincou, destacando o projeto-piloto que está a ser desenvolvido pela Secretaria Regional da Agricultura, no sentido de serem colocadas estações meteorológicas que poderão permitir uma maior previsibilidade e potenciar o aumento da produção por hectare.

A Adega Cooperativa iniciou a sua produção em 1961 com as castas nobres Verdelho, Arinto dos Açores e Terrantez do Pico. O primeiro vinho da CVIP, com o nome “Pico”, foi lançado no mercado em 1965.

A paisagem da cultura da vinha da ilha do Pico, classificada pela UNESCO desde 2004, como Património da Humanidade, está implantada em campos de lava, ocupando uma área de 987 hectares, envolvida por uma zona tampão com 1.924 hectares.

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