Em certos setores da sociedade açoriana perpassa a ideia de que a nossa Administração Pública é sobredimensionada e consome demasiados recursos. Muitas vezes, os mesmos que propalam o argumento são os que mais bradam, imagine-se, contra a falta de funcionários, dos serviços indiferenciados às escolas e unidades de saúde, para logo de seguida regressarem à sua premissa.
Sem deixar de admitir que aqui ou ali possa haver alguma desproporção, no geral os serviços públicos correspondem com adequação ao universo dos seus utilizadores.
Por necessidade de ofício, por estes dias, fui em busca dos dados oficiais que a direção-geral da Administração e Emprego Público regularmente publica. A informação ali disponível confirma o empirismo e superficialidade das críticas ao chamado “monstro”. Com referência a março passado, entre outras evidências, ressalta o facto de haver menos 460 funcionários públicos na administração regional dos Açores comparativamente à da Madeira, assim é há anos, apesar da nossa dispersão por nove ilhas, com tudo o que isso implica na multiplicação de infraestruturas e serviços e, obviamente, funcionários. Outro dado importante neste contexto é o facto de a remuneração base média mensal nos Açores ser 7% inferior à verificada naquela região autónoma e bem assim na Administração Central. Tudo isto contradiz, portanto, as recorrentes críticas à dimensão e custo do funcionalismo público açoriano.
No perfil do emprego no setor das administrações destaca-se ainda nos Açores uma taxa de feminização de 66,1%, superior à média nacional.