Esta semana procuramos analisar aquele que foi o primeiro grande confronto entre os candidatos a Presidente dos Estados Unidos da América. Contrariamente àquilo que era expectável, no que diz respeito à audiência, o primeiro frente-a-frente entre os dois candidatos ficou muito aquém de debates anteriores. Biden e Trump foram vistos por cerca de 49 milhões de pessoas, o que faz com que este tenha sido o debate presidencial com menor audiência deste milénio.

Ora bem, o ponto de partida para o debate da madrugada de sexta-feira era o facto de que muitos americanos haviam expressado preocupações no que concerne à questão da idade e da aptidão de Joe Biden para o exercício da exigente função a que se candidata novamente. Facto é que, dizer que este debate diminuiu consideravelmente ou até terminou com todas essas especulações seria um notável eufemismo.

Os cerca de 90 minutos de debate foram algo penosos para o atual presidente dos Estados Unidos da América, uma vez que não foram poucas as vezes que o vimos completamente encostado às cordas. Não foi claro, divagou e tropeçou nos próprios raciocínios. Um caso paradigmático que confirma esta perspetiva, foram as declarações da ex-diretora de comunicação da Casa Branca, Kate Bedingfield, na CNN, imediatamente após o debate, referindo que não foi um bom debate para Joe Biden.

Na minha ótica, a questão fundamental deste primeiro debate, para Biden, seria provar que ainda tinha energia e resiliência, contudo, nem isso conseguiu demonstrar. A frase que, a meu ver, resume a noite foi de Trump, quando disse que não sabia o que Biden havia dito na sua última intervenção e que duvidava que o próprio também soubesse.

A análise posterior ao debate mostrou que Trump foi impreciso por diversas vezes, contudo, nem assim, Biden foi capaz de o encurralar tendo em conta as falsas afirmações que foi proferindo. Certo é que este foi apenas o primeiro debate de todo este périplo eleitoral. Os democratas têm agendada para agosto a sua convenção eleitoral, altura em que aproveitarão, certamente, para definir as políticas orientadoras de um eventual segundo mandato de Biden, aproveitando todo o tempo até lá para robustecer o atual presidente.

Biden tem cerca de dois meses para conseguir acalmar as águas no que concerne às opiniões do eleitorado quanto à sua prestação neste debate. Veremos então como vai consolidar a sua posição junto do eleitorado para conseguir fazer frente a um Donald Trump robusto e sólido, em que os eleitores já demonstraram confiar, sobretudo quando são abordados temas económicos.

Aguardemos.

PUB