Encarregados de educação da Escola Básica Integrada Roberto Ivens, em Ponta Delgada, vão entregar no parlamento açoriano, na sexta-feira, uma petição com cerca de 2.300 assinaturas pelo regresso dos manuais em papel, em paralelo com o uso dos computadores.
Na petição, a entregar na delegação de São Miguel da Assembleia Legislativa dos Açores, os pais e encarregados de educação referem que o objetivo é “reavaliar a atual estratégia de digitalização dos recursos educativos nas escolas açorianas”, com base “em preocupações e experiências observadas por alunos, pais e professores”.
De acordo com a nota de imprensa do grupo de pais, preconiza-se o regresso aos manuais em papel, bem como o “uso dos tablets e computadores como ferramenta de apoio no processo de aprendizagem dos conteúdos programáticos e a realização de exercícios de base multimédia e/ou digital”.
No ano letivo 2022/2023, no âmbito da estratégia de transição digital, o Governo dos Açores iniciou a desmaterialização dos manuais escolares, com a disponibilização de manuais digitais para todas as turmas de 5.º e 8.º ano do ensino básico das escolas públicas do arquipélago, substituindo os manuais escolares em livro ou em suporte físico.
Na petição pede-se ainda a elaboração de um plano de ação “para o uso otimizado destes equipamentos nas salas de aulas que envolva os alunos, pais, professores, psicólogos e demais especialistas nestas questões”.
Os autores do documento referem que o seu “ponto de partida foi um inquérito informal em que participaram alunos, pais e professores de uma turma do 6.º ano da Escola Básica e Secundária Roberto Ivens, depois de um ano letivo completo e mais um período letivo de experiência com os manuais digitais, e tentar compreender qual o sentimento geral”.
“A maioria dos alunos revelou que preferiam não continuar a utilizar o tablet na sala de aula”, escrevem, apontando que “é uma fonte de distração (alguns alunos reportaram que jogaram durante as aulas)” e que foi registado o “surgimento de dores de cabeça e alguns problemas de visão”.
Acresce que o equipamento “é muitas vezes lento, e nem sempre carrega bem”, e apresenta “problemas técnicos ocasionalmente, sendo necessária a intervenção do técnico de informática, perdendo-se tempo na aprendizagem das disciplinas”.
A digitalização dos manuais, lembram os peticionários “já foi feita noutros países, nomeadamente a Suécia, que implementou esta medida em 2013 e anunciou em 2023 que iria recuar, após alguns anos sucessivos de resultados menos bons nos testes PISA”.
“Sendo este um momento de transição na utilização da tecnologia no nosso dia-a-dia, com a progressiva introdução de tecnologia digital em quase todos os domínios das vidas dos cidadãos, e no que importa ao tema da presente petição – na educação dos jovens -, não defendemos que se elimine uma opção em detrimento de outra”, explicam.
Os peticionários pretendem, antes, “garantir a convivência de ambas”, com uma transição segura para todos os intervenientes (alunos, docentes e famílias).