O PS/Açores pediu hoje esclarecimentos sobre a saída da presidente da SATA e afirmou que o Governo Regional não pode “passar a vida” a criticar o partido e esperar que os socialistas sejam o seu “seguro de vida”.
“É essencial que se saiba, a bem do esclarecimento público, em que a medida o Governo falhou nas condições necessárias para que a administração da SATA prosseguisse o seu mandato”, afirmou o vice-presidente do grupo parlamentar do PS na Assembleia Regional, André Rodrigues.
O deputado, que falava em Ponta Delgada na abertura das jornadas parlamentares do PS/Açores, lembrou as declarações da ex-presidente do grupo SATA, que cessou funções o mês passado.
À Lusa, Teresa Gonçalves afirmou que saiu da companhia aérea porque achava que “já não conseguia agir de acordo” com os seus princípios.
Numa comunicação interna, a que a agência Lusa teve acesso em 11 de março, a Comissão de Trabalhadores da Azores Airlines revelou que a presidente da SATA se demitiu porque o Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) “não ofereceu as condições necessárias” para a administração continuar a desenvolver o “projeto proposto”.
Hoje, o socialista André Rodrigues defendeu que a “importância que o grupo SATA assume para os Açores exige mais transparência, mais informação e mais verdade”.
“Este processo de privatização tem sido pautado pela falta de transparência e pela opacidade. Os acionistas continuam até agora sem conhecer a versão integral do processo de recuperação que foi aprovado em Bruxelas”, salientou.
A propósito do Plano e Orçamento da região, que vão ser discutidos e votados este mês, o deputado do PS acusou o executivo regional de se “esquecer que numa democracia parlamentar é o governo que depende do parlamento”.
“Um governo responsável, que quer promover a estabilidade política, não pode passar a vida a criticar o maior partido da oposição e depois esperar que o PS seja o seu seguro de vida”, avisou.
André Rodrigues, também candidato às eleições europeias, considerou que o Governo Regional “insiste em apresentar um Orçamento em tudo semelhante” ao que foi reprovado pelo parlamento em novembro de 2023.
“Quem em março passado anunciou que não negociaria estes documentos com o PS foi o presidente do governo. Quem preferiu negociar estes documentos à porta fechada com o Chega foi o presidente do governo. É, por isso, o presidente do governo o único responsável pelo rumo politicamente irresponsável que escolheu”, reforçou.
O socialista alertou também para o “descontrolo financeiro” e o aumento da dívida pública, assinalando que o “défice registado entre janeiro e março deste ano é, neste período, o maior de sempre desde que há registo, cerca de 126 milhões de euros”.
“O governo devia explicar aos açorianos por que razão os Açores dispõem de mais recursos financeiros à sua disposição, mas, ainda assim, têm mais dívida financeira, mais dívida a fornecedores, aumenta a desigualdade social e pioram os indicadores de pobreza”, declarou.
A proposta de orçamento, que começa a ser discutida no parlamento açoriano no dia 21 de maio, contempla um valor de 2.045,5 milhões de euros, semelhante ao apresentado em outubro de 2023 (2.036,7 milhões).