Angra do Heroísmo, Açores, 03 mai 2024 (Lusa) – Os governos dos Açores e da Madeira querem reforçar a cooperação nas áreas da ciência e tecnologia, para tornar as empresas dos dois arquipélagos mais competitivas, revelaram hoje os executivos regionais.
“Os dois arquipélagos têm andado de costas voltadas, quer a nível do investimento, quer a nível da ciência, quer a nível das ‘start ups’. Acho que há um grande caminho a fazer e é este o primeiro passo”, afirmou o vice-presidente do Governo Regional dos Açores (PSD/CDS/PPM), Artur Lima, em declarações aos jornalistas.
Artur Lima, que tutela a área da ciência e tecnologia nos Açores, falava à margem de uma visita do secretário regional da Economia, Mar e Pescas da Madeira (PSD/CDS-PP), Rui Barreto, ao Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira (Terinov), em Angra do Heroísmo.
O governante açoriano defendeu que as duas regiões devem “estreitar laços” entre si, mas também com a União Europeia e com os Estados Unidos da América.
Segundo Artur Lima, que também tutela a cooperação externa, os Açores e a Madeira podem colaborar tanto na área da ciência e tecnologia, como na captação de investimento e nas trocas comerciais, onde destacou os produtos açorianos como a carne, o queijo e a manteiga.
“Temos de criar canais de exportação diretos para a Madeira. Isso é muito importante”, salientou, defendendo ainda uma colaboração entre as universidades e os parques de ciência e tecnologia dos dois arquipélagos.
Rui Barreto lembrou que as duas regiões já têm protocolos nas áreas da inovação e investigação, mas defendeu que é importante reforçar a ligação.
“A nossa presença aqui é para reforçarmos os laços de cooperação, de partilha de conhecimento, de percebermos o que é que de bom os açorianos estão a fazer e o que é que os madeirenses estão a fazer e podermos agregar valor para trabalharmos melhor nos nossos mercados, mas também olhar para fora”, apontou.
O governante madeirense alegou que a ultraperiferia, comum aos dois arquipélagos, “que foi historicamente uma grande dificuldade, pode ser hoje uma grande oportunidade”, com o desenvolvimento das novas tecnologias.
“Temos de começar a pensar que projetos podemos desenvolver agregando valor entre os centros de investigação e as universidades dos Açores e da Madeira e transferir esse conhecimento para as empresas, porque só assim é que vamos ter empresas mais eficientes no futuro e mais competitivas no mercado global”, sublinhou.
Rui Barreto frisou ainda que a dimensão atlântica de Portugal e da União Europeia “deve-se muito aos arquipélagos da Madeira e dos Açores”, defendendo que as duas regiões têm “um papel importante a desempenhar na cogestão da zona territorial portuguesa”.
“Há um conjunto de projetos que se podem desenvolver de conhecimento, de mapeamento subaquático, de projetos de investigação, de projetos de preservação de ecossistemas marinhos, mas também de projetos de prospeção subaquática, de melhor conhecimento das nossas reservas”, enumerou, acrescentando que a Madeira pode partilhar conhecimento com os Açores na área da aquacultura.