A empresa açoriana Atlânticoline reiterou hoje vontade para chegar a um acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP) e parar a greve que decorre desde 07 de março.

“O Conselho de Administração da Atlânticoline reitera a sua vontade em chegar a um acordo com o sindicato que vá ao encontro dos interesses dos trabalhadores sem hipotecar a sustentabilidade financeira e eficiência da empresa”, referiu a empresa em comunicado hoje enviado à agência Lusa.

Segundo a nota, o Conselho de Administração da empresa açoriana “reitera, igualmente, a sua preocupação com o impacto negativo da greve na vida da população do Triângulo [ilhas de São Jorge, Pico e Faial], principalmente dos utentes do Hospital da Horta provenientes do Pico e de São Jorge”.

A empresa adianta que, devido à greve convocada pelo SIMAMEVIP, na semana passada, entre os dias 08 e 14 de abril, foram canceladas 15 viagens.

O Conselho de Administração da Atlânticoline também lembra que “já tinha comunicado ao SIMAMEVIP que iria solicitar à Secretaria Regional da Juventude, Habitação e Emprego a conciliação deste processo, em cumprimento do disposto na lei”.

Infelizmente, acrescenta, “não recebeu qualquer resposta do sindicato a esta comunicação, o que implicou que se aguardassem oito dias úteis, como determina a lei, para efetuar formalmente o pedido de conciliação”.

“Assim sendo, o pedido será enviado esta semana”, concluiu.

O SIMAMEVIP alertou na quarta-feira que a greve na Atlânticoline “vai durar o tempo que tiver de durar” e insistiu na intervenção do Governo dos Açores.

“Já se esgotaram todas as situações. A administração não tem condições para negociar connosco. Tem de vir outra pessoa. E o governo. A empresa é propriedade do governo. Esgotaram-se todas as tentativas porque a administração quer aquilo que não é possível”, avisou na altura o dirigente sindical Clarimundo Batista em declarações à agência Lusa.

O alerta surgiu um dia depois de o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) ter rejeitado “para já” qualquer intervenção do executivo açoriano no processo negocial.

“Quando a própria administração ou os sindicatos e o próprio governo no seu juízo sobre a situação vir que é útil a sua intervenção, falo-á, mas, para já, (a negociação) é no domínio da autonomia e independência da administração de uma empresa do setor público com os representantes dos seus trabalhadores”, afirmou José Manuel Bolieiro aos jornalistas na ilha do Faial.

A greve começou em 07 de março e chegou a ser suspensa em 19 de março devido às negociações entre o sindicato e a administração, mas foi retomada e está agora marcada por tempo indeterminado.

O sindicato reivindica aumentos salariais de 15% para os “maquinistas de primeira”, valor que a administração da empresa considera financeiramente incomportável.

A Atlânticoline transporta anualmente quase meio milhão de passageiros e cerca de 30 mil viaturas, sobretudo entre as ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), onde opera todo o ano, com recurso a quatro embarcações (dois navios e dois ferries).

 

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