O governo da República entregou o seu programa há dois dias, mostrando aquilo que o PCP e a CDU sempre denunciaram: apesar da cosmética para disfarçar uma política inaceitável, propõe a recuperação do desastre dos tempos da troika. Aliás, o livro que Passos Coelho apresentou devia ser sobre quantas famílias ficaram desfeitas, quantos portugueses levou a emigrar, quantos empregos se perderam, quantos pensionistas empobreceram, a riqueza nacional que perdemos e a dívida pública que aumentou. Esse é que seria um livro útil para o país, e não um que promove retrocessos e divisões.

Assumindo as suas responsabilidades, o PCP já apresentou dez propostas, assim que a Assembleia da República entrou em funções: aumento dos salários e pensões, recuperação do tempo de serviço dos professores e educadores, reconhecimento do estado da Palestina, proteção especial para a habitação das famílias, defesa da negociação sindical e dos direitos dos trabalhadores, defesa do Serviço Nacional de Saúde com um regime de dedicação exclusiva que valorize os médicos e a atribuição do suplemento de missão para as forças policiais. O governo do PSD/CDS preferiu uma operação de cosmética, alterando um logótipo, sabendo bem que essa operação de cosmética causa muito mais ruído do que resolve os problemas existentes.

As propostas do governo do PSD/CDS para o mundo do trabalho, a habitação, a saúde e a educação têm todas a mesma orientação: satisfazer os interesses dos poderosos, aqueles que mandam na economia. Na prática, será pôr o estado e os impostos dos trabalhadores e das pequenas empresas ao serviço dos lucros dos grandes grupos privados, que nunca estão satisfeitos, por mais riqueza que acumulem.

Perante estes factos, a história e o programa eleitoral da AD, o PCP decidiu apresentar uma moção de rejeição ao programa de governo. Bem sei que a moção de rejeição será chumbada, mas clarificará quem está ao lado do governo, mesmo que recorram à cosmética para esconder as suas responsabilidades. O voto contra da extrema-direita demonstra bem que a solução para os problemas do país não está nas velhas políticas, mesmo que tenham novos rostos. Nalguns casos, velhos rostos mal disfarçados. Mas, mais importante que isso, a moção de rejeição irá demonstrar que as respostas para os problemas do país, a política verdadeiramente alternativa, é aquela que o PCP propõe!

PUB