A Federação das Pescas dos Açores pediu hoje ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) que o arquipélago passe a dispor de um cargueiro aéreo interilhas para resolver o problema da continuidade territorial e criar “valor acrescentado”.
Segundo o presidente da Federação das Pescas dos Açores, Jorge Gonçalves, o avião cargueiro proposto possibilitaria ligações diretas entre as nove ilhas açorianas, incluindo as mais pequenas, “que não têm ligações diretas a Portugal continental”, e permitiria o transporte de peixe e de outras mercadorias.
O peixe transportado pelo cargueiro aéreo seria “canalizado para uma ilha central”, São Miguel ou Terceira, locais de onde os aviões maiores levariam posteriormente “a mercadoria para Portugal continental”, referiu.
“Estamos a falar de uma matéria perecível [o produto pescado], que tem um custo muito elevado e não podemos dar-nos ao luxo de estar a perder dias à espera de transporte nas ilhas”, disse.
Na opinião de Jorge Gonçalves, a proposta hoje apresentada ao presidente do Governo Regional dos Açores “não é algo que seja irrealista” e pode ser executada “desde que haja a vontade política” para a concretizar.
A medida, a ser concretizada, será uma mais-valia para a região, “criando sempre mais valor acrescentado a quem trabalha”, admitiu.
A aquisição do cargueiro aéreo tem de passar “pela criação de obrigações de serviços públicos, especificamente para a carga”, segundo o dirigente.
O presidente da Federação das Pescas dos Açores falava hoje na sede da Presidência do Governo dos Açores, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, após uma reunião com o líder do executivo regional (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, a propósito do Plano e Orçamento para 2024.
No final do encontro disse aos jornalistas que transmitiu ao presidente do Governo Regional a necessidade de o novo Orçamento destinar mais apoio para o setor das pescas, para o manter estável e dinâmico e garantir “a sustentabilidade económica da produção, comercialização e indústria”.
“Sugerimos a necessidade de um aumento referente à anterior proposta de Orçamento de 25%”, para satisfazer as exigências propostas pela região, por Portugal continental e pela União Europeia.
A Federação das Pescas também defende um plano de reestruturação para o setor, que englobe apoios para as áreas marinhas protegidas, abates de embarcações e artes de pesca, uma linha de crédito para investimento a bordo das embarcações e para formação, entre outras medidas.
O presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, termina hoje uma ronda de audições aos partidos com assento parlamentar e parceiros sociais no âmbito do processo de auscultação sobre as antepropostas de Plano e Orçamento Regional para 2024, que foi chumbado em 23 de novembro de 2023, com os votos contra de IL, PS e BE e as abstenções do Chega e do PAN, motivando a queda do executivo regional e a convocação de eleições antecipadas.
O novo executivo, o segundo liderado por Bolieiro, tomou posse em 04 de março e viu o seu Programa do Governo ser aprovado em 15 de março, com votos favoráveis dos partidos que integram o executivo, as abstenções de Chega, PAN e IL, e os votos contra de PS e BE.