O direito à greve encontra-se consagrado no artigo 57.º da Constituição da República Portuguesa. É um direito fundamental e irrenunciável dos trabalhadores.

A greve dos trabalhadores ligados à parte operacional da Atlânticoline iniciou-se a 1 de dezembro, onde foram definidos serviços mínimos diários, duas viagens diárias da Linha Azul Horta/Madalena/Horta com saídas da Horta às 07:30 e às 17:15 e uma viagem diária da Linha Verde Horta/Madalena/Velas, com saídas da Horta às 09:00.

Em face desta situação, a deputada Catarina Cabeceiras, do Grupo Parlamentar do CDS-PP/Açores, afirma que “todos os constrangimentos causados são sempre de lamentar, e desde essa data muitos têm sido os constrangimentos sentidos pelas pessoas, sobretudo utentes que necessitam de fazer tratamentos hospitalares, ou ainda, e nomeadamente, os utilizadores da ilha de São Jorge, uma vez que os serviços mínimos definidos para sexta-feira e domingo, inviabilizam a possibilidade de muitos daqueles que trabalham e estudam na ilha de São Jorge possam ir no fim-de-semana às suas casas nas ilhas do Pico e do Faial”.

“Sabemos que, ao longo deste período, existiu uma negociação entre a Atlânticoline e o Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP)”, adiantou Catarina Cabeceiras, “tendo existido algumas cedências de ambas as partes, que demonstram o empenho em resolver o diferendo”.

A Atlânticoline tornou público, a 16 de janeiro, que aceitou todas as exigências de aumentos salariais exigidos pelo Sindicato representando um aumento do salário base na categoria de marinheiro de quase 13%. Também o sindicato fez um esforço para ir ao encontro da empresa (que criou um regime de descansos compensatórios), porque se trata de uma situação em que a empresa excede os limites do trabalho suplementar.

“No entanto, e infelizmente, não foi possível até ao momento um entendimento que levasse ao termo desta greve, e neste momento foi solicitado ao Conselho Económico e Social dos Açores (CESA) uma arbitragem obrigatória devido ao impasse negocial com o Sindicato, que se encontra em greve”, esclareceu a deputada do CDS-PP.

A paralisação na Atlânticoline já decorre desde dezembro de 2021, tendo o Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP), apresentado um novo pré-aviso de greve que decorre até 28 de fevereiro.

“Não se vislumbra, no entanto, um fim para esta greve, uma vez que o CESA terá que se inteirar do processo e fazer a mediação das negociações”, lamentou.

“Perante toda esta situação, o impasse a que se chegou, reconhecendo e nunca colocando em causa o legitimo direito à greve, e sem qualquer objetivo de se ingerir no processo negocial”, o Grupo Parlamentar do CDS-PP apela, pela voz da deputada Catarina Cabeceiras, a “que os serviços mínimos de sexta-feira e domingo sejam alterados para a viagem do final do dia, permitindo assim que tantas pessoas possam passar o fim-de-semana junto dos seus familiares”.

Catarina Cabeceiras entende que “os constrangimentos sentidos por todos fazem parte dos efeitos da greve, mas consideramos que, neste particular, a não adequação dos serviços mínimos estipulados à verdadeira necessidade dos mesmos pela população poderão levar apenas à incompreensão por parte das populações da manutenção do diferendo nesta negociação laboral”.

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