A FC Porto SAD registou um resultado líquido positivo de 35 milhões de euros (ME) no primeiro semestre de 2023/24, contra um prejuízo de 9,891 ME em igual período de 2022/23, comunicaram hoje os vice-campeões nacionais de futebol.
Consoante o relatório e contas consolidado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os proveitos operacionais, excluindo passes de jogadores, foram de 108 ME, numa subida de quase cinco ME, que teve incidência das receitas das provas da UEFA, apesar de ainda não refletir a progressão na atual edição da Liga dos Campeões.
“Este resultado não inclui ainda os 9,6 ME relativos ao prémio de acesso aos oitavos de final da ‘Champions’, assegurado em dezembro último, uma vez que, dando cumprimento às normas internacionais de contabilidade, esta verba só vai ser contabilizada no terceiro trimestre deste exercício”, afiançaram os ‘dragões’, a dois dias de receberem o Arsenal, vice-campeão inglês e atual segundo colocado da Premier League para a primeira mão.
Já os custos operacionais, excetuando com passes, ‘caíram’ aproximadamente seis ME, devido ao decréscimo das despesas com pessoal, que, há um ano, tinham incluído um prémio de qualificação para a Liga dos Campeões na qualidade de campeões nacionais.
Os resultados operacionais cifraram-se em 52 ME, bem acima dos 1,430 ME obtidos na primeira metade de 2022/23, tendo como fator influente a transferência do internacional português Otávio, que se tornou a venda mais elevada da história da SAD em agosto de 2023, ao rumar aos sauditas do Al Nassr pelos 60 ME inerentes à cláusula de rescisão.
Estimados em 39 ME, os resultados da cedência de passes de futebolistas ajudaram a administração comandada por Jorge Nuno Pinto da Costa a melhorar o resultado líquido consolidado negativo de 47,627 ME patente nas contas globais da temporada passada.
Em 31 de dezembro de 2023, o ativo da FC Porto SAD cresceu para 504 ME, face aos 356,292 ME contabilizados em 30 de junho, e o passivo baixou de 532,272 ME para 513 ME, com os capitais próprios negativos a baixarem de 175,980 ME para quase 8,5 ME.
A subida global de 148 ME no ativo deveu-se “principalmente devido ao incremento nos ativos fixos tangíveis”, após o valor de mercado do fluxo de caixa gerado pelo Estádio do Dragão, no Porto, ter sido avaliado por parte da multinacional Crowe Advisory PT, que concedeu um montante de 279 ME ao imóvel, contra os 167 ME inicialmente registados.
Apesar do impacto fiscal de 35 ME acarretado por essa reavaliação do recinto, o passivo ‘caiu’ quase 20 ME, ao assentar na queda do valor global dos empréstimos, em 85 ME, cortando 28% do passivo remunerado do Grupo FC Porto face a junho do ano passado.
O efeito da reavaliação do Estádio do Dragão, onde alinha a equipa principal de futebol, associado ao “resultado líquido consolidado francamente positivo” de 35 ME, implicou a “melhoria substancial” dos capitais próprios, expressa numa recuperação de 167,5 ME.
“Com o registo dos 9,6 ME pelo acesso aos oitavos de final da Liga dos Campeões, os capitais próprios ficariam positivos em 1,1 ME”, frisou a sociedade, que projeta impactar diretamente essa rubrica no quarto e último trimestre desta temporada com 60 a 70 ME decorrentes do acordo de 15 anos assinado com a empresa norte-americana Legends.
Em novembro de 2023, numa entrevista ao canal televisivo SIC, Pinto da Costa já tinha definido a obtenção de lucro e de capitais próprios positivos ou “perto disso” a meio da época como uma das “três grandes preocupações” a curto prazo antes de se pronunciar sobre uma eventual recandidatura ao FC Porto, decisão confirmada em 04 de fevereiro.
O dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial, de 86 anos, vai concorrer com André Villas-Boas, ex-treinador da equipa principal de futebol, e o empresário Nuno Lobo, candidato batido em 2020, nas eleições dos órgãos sociais para o quadriénio 2024-2028, que devem decorrer em abril, visando um 16.º mandato seguido como presidente.
O FC Porto está no terceiro lugar da I Liga, com 48 pontos, sete abaixo do líder isolado Benfica, e discutirá o acesso às ‘meias’ da Taça de Portugal com o Santa Clara, primeiro da II Liga, por entre a eliminatória frente ao Arsenal para a Liga dos Campeões, à qual chegou como vice-líder do Grupo H, perdendo no confronto direto com o FC Barcelona.
Afastados na primeira fase da Taça da Liga, os ‘dragões’ tinham começado a época com uma derrota na Supertaça Cândido de Oliveira frente aos ‘encarnados’ (2-0), em Aveiro.