O presidente do Chega anunciou hoje que o deputado do partido nos Açores vai abster-se na votação do orçamento da região para 2024 e defendeu que, se houver eleições antecipadas, devem acontecer no mesmo dia das legislativas nacionais.
“Quero deixar claro que o Chega não votará contra este orçamento dos Açores. O Chega terá o seu voto na abstenção neste orçamento e serão outras forças políticas que se preparam para derrubar o governo dos Açores”, anunciou André Ventura, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, em Lisboa.
Nesta declaração, o líder do Chega salientou várias vezes que “o Chega não procurou a instabilidade nos Açores, o Chega procurou sempre, juntamente com o PSD, que fossem cumpridos os compromissos que tinham sido assumidos”.
“Esta é uma situação particularmente delicada num momento em que o país já vive uma situação delicada, mas ela não foi feia por nós nem foi levada a cabo pelo Chega, outros serão responsáveis por ela”, insistiu, indicando que o seu partido procurou “até ao fim ser um referencial de estabilidade e garantir que estas promessas eram cumpridas”, nomeadamente “em termos de aumento dos rendimentos das famílias e combate à corrupção”.
“Todos os nossos esforços foram em vão, ou grande parte dos nossos esforços foram em vão”, lamentou.
Caso o orçamento seja rejeitado e isso dite a marcação de novas eleições nos Açores, o presidente do Chega indicou que “sugerirá ao senhor Presidente da República que as eleições nos Açores decorram no mesmo dia que as eleições para o parlamento nacional”.
“Era uma solução que permitia poupar custos, saltar etapas e garantir eficiência na escolha de um novo governo também na Região Autónoma dos Açores”, defendeu André Ventura.
O Plano e o Orçamento dos Açores para 2024, de cerca de dois mil milhões de euros, começou a ser debatido na segunda-feira no plenário da Assembleia Legislativa Regional, na Horta, onde a votação na generalidade deverá acontecer na quarta-feira ou na quinta-feira.
Os documentos, que definem as linhas estratégicas do Governo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM), para o próximo ano, necessitam também da aprovação dos deputados do Chega, da Iniciativa Liberal e do deputado independente (ex-Chega), que nos primeiros três anos deste mandato sempre votaram a favor, ao lado dos três partidos que formam o executivo, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro.
Este ano, porém, nas vésperas de começar o debate, o deputado único da IL, Nuno Barata, anunciou publicamente que iria votar contra aqueles documentos, alegando que o Governo não chegou a executar muitas das iniciativas a que se tinha comprometido com o seu partido.
Confrontado pelos jornalistas, o deputado único do Chega, José Pacheco, também lançou críticas à governação de direita no arquipélago, admitindo a possibilidade de se abster na votação dos documentos, tal como Pedro Neves, deputado único do PAN, que no ano passado votou a favor ao lado dos partidos de direita.
PS e BE, que juntos têm 27 deputados, mais um do que os três partidos do Governo (PSD, CDS-PP e PPM), deverão votar contra as propostas de Plano e Orçamento, a exemplo do que fizeram desde o início desta legislatura, resultado que, a somar ao vota contra do IL, poderá determinar o chumbo dos documentos.