O Partido Socialista acusou hoje o líder do PSD de “prosseguir a sua estratégia de ambiguidade em relação à extrema-direita” e de “não apresentar nenhuma nova ideia ou nova proposta para fazer face aos problemas reais” do país.

“Luís Montenegro diz hoje [sexta-feira] que não está disponível para quaisquer tipo de acordos com partidos racistas, populistas ou xenófobos. Esta declaração é praticamente um decalque de outras que têm feito exatamente no mesmo sentido e desde logo no Congresso do PSD que o elegeu”, frisou à agência Lusa o secretário-geral adjunto do PS, João Torres, em reação à entrevista desta sexta-feira do líder social-democrata à CNN Portugal.

O socialista realçou que Montenegro disse, sobre o acordo de incidência parlamentar nos Açores, que o acordo com o Chega “não feria os valores e princípios do PSD”.

“Ora há aqui uma contradição objetiva nos termos. E o que é preciso é questionar o Dr. Luís Montenegro sobre se considera ou não o Chega um partido racista, xenófobo e populista”, acrescentou.

Para João Torres, o PS “continua a ser a força política europeísta responsável, que traça uma linha vermelha muito clara na relação” com o Chega.

Considerando que a entrevista de Luís Montenegro “não traz novidade nenhuma para os portugueses”, o secretário-geral adjunto do PS acusou o social-democrata de ter um “vazio de ideias”.

“Não há seguramente ninguém neste país que reconheça no Dr. Luís Montenegro, credenciais de apresentação de uma alternativa política aos portugueses”, apontou.

João Torres salientou ainda que a entrevista do líder da oposição é “bem ilustrativa” de que Luís Montenegro “está obcecado com a tática” e “estratégia política” e “muito pouco preocupado com os portugueses”.

“É porventura um dos factos mais reveladores desta entrevista. É o facto de não mostrar ou não revelar nenhuma empatia para com os portugueses não apresentar nenhuma nova ideia ou nova proposta para fazer face aos problemas reais que as pessoas sentem todos os dias”, destacou.

O presidente do PSD rejeitou, em entrevista à CNN Portugal, que o partido possa fazer acordos de Governo ou ter o apoio de “políticas ou políticos racistas ou xenófobos, oportunistas ou populistas”.

O social-democrata reiterou também que entende – ao contrário do que tem dito o Presidente da República – que o PSD já é alternativa ao Governo do PS.

O líder do PSD defendeu também, na entrevista conduzida pela jornalista Maria João Avillez, que o Presidente da República não deve ser “nem um ajudante nem um óbice” para a oposição, admitindo que nem sempre o partido tem gostado de ouvir as posições do chefe de Estado.

Na entrevista conduzida pela jornalista Maria João Avillez, Luís Montenegro assegurou não querer ganhar as eleições legislativas “à boleia ou com a ajuda do Presidente da República”, e manteve reserva sobre o que irá dizer a Marcelo Rebelo de Sousa na audiência que terão na terça-feira, após uma semana em que discordaram publicamente sobre se o PSD constitui já ou não uma alternativa ao Governo do PS.

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