O presidente do PSD acusou hoje o PS de ceder a “esquemas de compadrio político” e, pela terceira vez em 22 anos, trazer “um pântano à democracia portuguesa”, numa reação à demissão do primeiro-ministro.
Luís Montenegro falava aos jornalistas na sede nacional do PSD, no final de uma reunião da Comissão Permanente, convocada ainda antes do anúncio da demissão do primeiro-ministro — aceite pelo Presidente da República -, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
Questionado pelos jornalistas sobre a atuação da justiça neste caso, respondeu: “A justiça está a funcionar, mas a questão que estou a focar é uma questão política, há um primeiro-ministro que se demitiu e um Governo que caiu, que tinham condições para governar e fracassaram por pura incompetência”.
Antes, na sua intervenção inicial, Montenegro considerou que “a legitimidade do PS ruiu dentro de si próprio”.
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“É a terceira vez em 22 anos que as mesmas pessoas, as mesmas políticas e o mesmo padrão de governo trazem um pântano à democracia portuguesa”, acusou.
Depois de ter defendido eleições antecipadas, o presidente do PSD apelou aos portugueses para penalizarem “a reincidência de uma organização partidária que dá mostras de muito facilmente ceder a esquemas de compadrio político, de vertigens hegemónicas de poder”.
“Os portugueses sabem que há uma alternativa séria e ambiciosa e conhecem o nosso sentido de responsabilidade, a nossa firmeza e o nosso compromisso com a verdade, a ética e a urbanidade”, afirmou.
Montenegro defendeu que “Portugal não pode tolerar ou admitir que importantes decisões de investimento ou financiamento público possam ser tomadas com qualquer outro critério que não exclusivamente o interesse público”.
“Seja na transição energética ou ambiental, seja no parque escolar, seja em parcerias público-privadas, seja na defesa nacional, seja nas grandes infraestruturas, o país não pode ser levado a decidir com base em interesses particulares, muitas vezes embrulhados e disfarçados com sofisticados esquemas de suporte técnico”, afirmou.
O presidente do PSD defendeu que “a manipulação, como a mentira, têm sempre prazo de validade” e têm como consequência “a formação de uma legião de pobres e remediados, dependentes e frustrados numa espécie de corrupção social e política”.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu hoje a sua demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
O Presidente convocou para quarta-feira os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.
Numa declaração no Palácio de São Bento, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”.