O Secretário Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, Alonso Miguel, reconheceu hoje que as alterações climáticas “são um tema incontornável, de superior relevância, e representam, sem dúvida, um dos maiores desafios com que a humanidade jamais se deparou, com repercussões globais e impactos significativos nos mais diversos sectores de atividade”.
Em causa, adianta o governante, estão potenciais impactos em áreas como a agricultura, as pescas, o turismo, a construção, os transportes e a indústria, exercendo as alterações climáticas “uma pressão cada vez maior sobre as comunidades, os recursos naturais, a biodiversidade e os ecossistemas”.
Alonso Miguel falava em Ponta Delgada, no Coliseu Micaelense, numa conferência internacional promovida pelo Governo dos Açores e dedicada ao tema das alterações climáticas.
“É, de facto, urgente agir, no sentido de conseguir minimizar os efeitos negativos das alterações climáticas, de modo a garantir a sustentabilidade ambiental, a preservação dos nossos recursos e as necessárias condições de habitabilidade no planeta, assegurando também esse direito às gerações vindouras”, prosseguiu o Secretário Regional.
Este “enorme desafio” exige, advoga Alonso Miguel, “uma resposta firme e concertada, a nível institucional, mas depende também de um compromisso de responsabilidade por parte dos cidadãos e de toda a sociedade civil, para uma mudança de atitudes e hábitos de consumo, que garanta uma necessária mudança de paradigma”.
E prosseguiu: “É neste contexto que a União Europeia tem vindo a delinear uma estratégia concertada para os seus Estados-membros, que incorpora a prioridade de se implementarem políticas e ações com vista à mitigação dos efeitos das alterações climáticas, bem como o estabelecimento de metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa, com as quais os países se devem comprometer, a fim de se assegurar uma transição ecológica eficaz em termos de custos, bem como socialmente equilibrada e equitativa”.
O contributo dos Açores para o fenómeno do aquecimento global, sinalizou, “é diminuto, mas isso não significa” que a Região não seja afetada “severamente” por este fenómeno.
“Efetivamente, são já bem evidentes as manifestações resultantes das alterações climáticas nos Açores, designadamente quanto ao aumento da frequência e da intensidade de fenómenos meteorológicos extremos, ao nível da atividade ciclónica e de episódios de precipitação excessiva e prolongada, que provocam cheias e inundações, movimentos de vertente, galgamentos costeiros, bem como alterações no regime de escorrência das linhas de água, causando enormes prejuízos materiais e financeiros e colocando em causa a segurança de pessoas e bens”, sustentou.
E concretizou, numa mensagem-chave dita na conferência: “não nos podemos demitir da nossa responsabilidade de contribuir para mitigar este fenómeno, que nos afeta a todos, e de colaborar para o cumprimento dos objetivos assumidos pelo País e a nível comunitário, como os que foram definidos para redução progressiva das emissões de gases com efeito de estufa e para atingir a neutralidade carbónica, como estabelecido no âmbito do Pacto Ecológico Europeu. No entanto, para lá do esforço que nos compete para mitigação das alterações climáticas, importa, sobretudo, que estejamos preparados para nos adaptarmos a este fenómeno, que nos continuará a afetar por um longo período”.
Posteriormente, Alonso Miguel apresentou as várias iniciativas da Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas para mitigar este cenário, lembrando que tais são fundamentais para “aumentar a produção de energias renováveis e reduzir a utilização de combustíveis fosseis, descarbonizar os setores elétrico e dos transportes e diminuir as emissões de gases com efeito de estufa associadas a setores económicos relevantes, como a agricultura, bem como para aumentar a capacidade de sequestro de carbono da atmosfera”.