O queijo de São Jorge DOP (Denominação de Origem Protegida) é considerado um produto “de excelência e de eleição” dos Açores pela Federação Agrícola, que encara a candidatura a Património Imaterial Mundial da UNESCO como uma “iniciativa muito positiva”.

“Aliás, já foi feito noutras áreas do país e no mundo inteiro”, disse à agência Lusa Jorge Rita.

O presidente da Federação Agrícola dos Açores considera que, sendo o queijo de São Jorge um produto de qualidade, “se levar mais uma chancela em cima, como sendo um produto reconhecido também pela UNESCO”, será uma mais-valia para a região e para o setor agroalimentar.

“Acho que é uma boa atitude do Governo [Regional]”, admitiu Jorge Rita, acrescentando que, caso a candidatura tenha aceitação, “será mais uma forma de destacar a região pela excelência” dos seus produtos.

Na sua opinião, os produtores de leite em São Jorge também sentirão mais orgulho pelo resultado do seu trabalho e poderão passar a mensagem de que é importante continuar a produzir queijo.

O Governo dos Açores anunciou em setembro que vai iniciar o processo de candidatura do queijo de São Jorge DOP a Património Imaterial Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, na sigla em inglês), para valorizar o produto.

“Tendo em conta aquilo que é uma agricultura genuína em São Jorge, porque não há alteração do método de produção [do queijo], no modo como se obtém o leite e no modo como se transforma o leite – é, de facto, uma especificidade que tem 400 anos -, interessa que passe acima de DOP, tenha uma qualificação, um atributo, que o reconheça, novamente, a nível mundial”, justificou o secretário regional da Agricultura, no momento em que fez o anúncio da candidatura.

António Ventura explicou que o dossiê a entregar à UNESCO abrange “o saber fazer” relacionado com todo o processo de fabrico do queijo de São Jorge, “em que não há alteração desde a sua origem, desde os povoadores, até agora”.

O Governo dos Açores vai criar uma comissão técnica que irá preparar a candidatura, o que “poderá demorar de um ano a dois anos”, envolvendo o executivo do arquipélago, as autarquias, os produtores e a Federação Agrícola dos Açores.

O queijo São Jorge DOP é um produto tradicional e muito apreciado, obtido a partir de leite de vaca cru.

O início da produção remonta ao século XV e ao início do povoamento da ilha. O fabrico foi incentivado pela comunidade flamenga, com experientes produtores de bens alimentares como a carne, o leite e os seus derivados.

Produzido exclusivamente na ilha de São Jorge desde que esta foi descoberta (século XV), deve a sua especificidade às características dos pastos abundantes nas zonas de média e elevada altitude, “além da perícia e dos saberes dos queijeiros jorgenses”.

PUB