Portugal continental tem instalados cerca de 45 acelerómetros, que permitem identificar a velocidade dos movimentos do solo, disse hoje, no parlamento, o presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, defendendo o alargamento desta rede a nível nacional.
“Seria interessante alargar esta rede a nível, nacional, mas para isso seria necessário um acordo a nível municipal, para se poder estender a todos os municípios”, afirmou José Guerreiro perante os deputados do grupo de trabalho criado na Comissão de Administração Pública, Ordenamento do Território e Poder Local sobre prevenção e proteção sísmica.
De acordo com o responsável pelo IPMA, “não é um investimento muito caro”, custando os aparelhos cerca de 1.500 euros cada um. Exigiria, no entanto, um reforço de meios humanos, para avançar a nível nacional.
O quadro de profissionais do IPMA está a ser alargado, estando prevista a contratação de cerca de 60 novos profissionais, segundo o presidente do instituto.
No âmbito do sistema de alerta precoce de sismos, esclareceu que o tempo de antecipação possível é de 40 segundos, “na melhor das hipóteses”.
Defendeu também que ao nível da comunicação à população, há já formas mais eficazes do que “os sms”, que estão a ser seguidas noutros países, nomeadamente no Japão, a partir de “smartphones”.
O IPMA, assegurou, tem “investido grandemente” nesta área: “Está em curso a nova rede de cabos submarinos (triângulo Continente-Açores-Madeira). Dentro disso, temos os chamados ´Smart Cables´, um investimento bastante avultado, estamos a falar de 156 milhões de euros”.
Nestes cabos, serão instalados sensores que detetam os movimentos em fundos oceânicos onde normalmente se originam os sismos e também os tsunamis, explicou.
A entrada em funcionamento destes equipamentos está prevista para finais de 2026 ou início de 2027, indicou o presidente do IPMA.
“Isso vai também ajudar bastante do ponto de vista do modelo de previsão, sempre complementar à clássica rede sismológica que está instalada por todo o país”, acrescentou.
Considerou igualmente que seria útil alargar as cartas de perigosidade, a nível municipal, e recordou que as regiões de maior sismicidade no país são o Vale do Tejo e o Algarve.
O último grande sismo em Portugal foi em 1969.
Questionado pelos deputados, José Guerreiro disse não haver qualquer evidência de relação entre as alterações climáticas e os sismos.
Em resposta às questões que lhe foram colocadas, referiu igualmente que o IPMA fez recentemente um investimento de 1,5 milhões de euros num supercomputador que permite processar um volume de dados antes impossível.