I
O ainda líder do PSD, Luís Montenegro, está a ver o chão a fugir debaixo dos seus pés. As sondagens tardam em refletir o que ele pretende; o Chega está sempre presente e o PS, com a perspicácia política que todos reconhecem a António Costa, deixou há muito o PSD à deriva. O PSD ficou, ou melhor, deixou-se ficar sem bandeiras políticas. Ao PSD resta, como se faz no futebol em desespero, o “chutão para a área”. Refiro-me, traduzindo para a política, ao prometer tudo a todos. E, como se dizia e acusava o antigo PS, quem vier atrás que feche a porta. Ora, como está mais do que provado, os eleitores já não vão em cantos de sereias. Ninguém leva a sério o atirar de dinheiro para todos os problemas. O dinheiro, ao contrário da lata, é finito. Custa-me ver, nos dias de hoje, alguém com décadas de política apostar nesta esgotada tática. A juntar a isto, que já seria suficiente, Montenegro ainda tem de viver, permanentemente, com dois fantasmas. Mas fantasmas reais. Um deles é o atual alcaide de Lisboa e o outro, como todos sabem, é Pedro Passos Coelho. Montenegro está a conduzir um grande carro, em notórias dificuldades, numa pista muito sinuosa, e ainda sabe que nas boxes estão dois pilotos, com outras mãos, prontos a pegar no bólide. Não é, de facto, a mais apetecível das missões. Acredito, por isso, que Montenegro deve estar a contar os dias para as eleições europeias. A forma de chegada a essa meta é decisiva. Montenegro sabe que chegar em primeiro não será suficiente. Uma vitória por poucochinho significará, uns meses depois, a substituição do condutor. Uma derrota significará, na hora, a retirada do capacete e das luvas. Resta-lhe, por isso, uma vitória com assinalável folga para o segundo carro e, se possível, que o carro do Chega não cruze a meta com mais do que piloto e copiloto (2 mandatos). Conseguirá, Montenegro, sair deste beco?
II
O Chega/Açores tem, espalhado por aí, um cartaz que me fez sorrir. A mensagem é interessante e até tem uma ponta de verdade. A bola está do lado do deputado José Pacheco. O próximo orçamento regional é o momento ideal para “apertar com eles”. Teremos Homem para isso? Ou vem aí o voto habitual em troca de mais um gabinete, uns carros para os bombeiros e outras “exigências” de idêntico teor? O Chega é o único partido, sem querer tirar o negócio aos novos “zandingas” da praça, com crescimento garantido. 3 ou 4 deputados é a aposta que está a correr por aí. E vamos a ver se ficará nesse patamar… Por isso, o beco do Chega é outro. Muito próprio. Mas é um beco, uma vez que os próprios não querem contribuir para a abertura de uma saída… Oh, Pacheco! Aperta com eles!!! Seja isso o que for…