O turismo cultural é um dos “produtos centrais” do Plano Estratégico e de Marketing para o Turismo dos Açores até 2030, afirmou hoje a secretária regional do Turismo, dando como exemplo a cidade de Angra do Heroísmo.
“Este é o momento certo e Angra do Heroísmo é o palco adequado para juntarmos o património cultural à estratégia de valorização do nosso destino turístico e colocar mais esta dimensão ao serviço do desenvolvimento turístico”, adiantou a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral.
A governante falava na sessão de abertura da AR&PA – Bienal Ibérica de Património Cultural, que junta cerca de 200 participantes em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
Segundo Berta Cabral, o anterior plano de turismo “não dava o ênfase necessário a esta dimensão”, mas o atual executivo considera o património cultural uma “componente essencial” da estratégia para o turismo.
“A ilha Terceira é um dos expoentes máximos da riqueza e da diversidade cultural da nossa região, não tivesse sido a capital do reino, e é também o nosso território que melhor conjunta a natureza, terra e mar com a natureza humana, entendida como identidade, singularidade, cultura, tradições e heranças culturais”, apontou.
Até domingo, a Spira, organizadora da bienal, convida a população a visitar os bastidores do património no Centro Interpretativo de Angra do Heroísmo, com atividades gratuitas como conferências e mesas redondas, roteiros pela cidade, ‘peddypapers’, uma corrida do património, atividades de educação patrimonial e atividades de artes e ofícios.
“Queremos que o cidadão comum perceba que o património cultural é uma coisa divertida, que pode ser utilizada no dia a dia, mas também é uma área de trabalho com enorme espaço de desenvolvimento futuro”, salientou a diretora geral da Spira, Catarina Valença Gonçalves.
Foram também criadas mecânicas de ações com agentes locais como um ‘escape room’ numa casa fechada e um ‘murder mystery’ no Museu de Angra do Heroísmo, que estão lotadas, mas que a organizadora espera que sejam retomadas depois da bienal.
“Sendo Angra, não só uma cidade património da Humanidade, mas efetivamente em termos de números tão rica em património cultural, espero que tenhamos deixado claro como há aqui um ativo do ponto de vista de equipamentos tão formidável para ser explorado no futuro”, sublinhou.
Com o tema “Património e Tecnologia”, a bienal lançou um concurso na rede social Instragram para atrair os mais jovens.
“Nós concorremos com o futebol, com o shopping, com a praia, com o não fazer nada, com as redes sociais, temos de ter mecânicas divertidas de concurso, de emoção, não pode ser primeiramente a dimensão intelectual. Procuramos inverter essa ordem: primeiro ser entusiasmante, divertido e o conhecimento vir diluído no meio dessa experiência. E no final toda a gente quer saber mais”, explicou Catarina Valença Gonçalves.
O autarca de Angra do Heroísmo, cidade anfitriã do evento, que celebra 40 anos de Património Mundial da UNESCO, referiu que em três anos o município investiu cerca de 6 milhões de euros a recuperação de património.
“Ser património não significa musealizar as coisas, nem significa imobilismo. Se queremos ter uma cidade bem conservada, ela necessariamente tem de ter atividade económica e necessariamente tem de dar respostas às pessoas, às empresas e quem nela quer viver e ter a sua atividade. Sem isso, o património entra em degradação e perde-se”, defendeu Álamo Meneses.
Já a secretária regional da Educação e Assuntos Culturais, Sofia Ribeiro, destacou o reforço de 30% na área da cultura no Orçamento da Região para 2024 e a criação de linhas de desenvolvimento da tecnologia no valor de 350 mil euros.
“Espelha bem a nova alavancagem que queremos dar à cultura, não somente em termos de reforço orçamental, mas também com uma dinâmica para tornarmos os nossos serviços muito mais acessíveis, muito mais interativos”, frisou.