O grupo Oriental dos Açores escapou na quarta-feira às consequências do mau tempo porque a ondulação frontal prevista passou a sueste da ilha de Santa Maria, explicou hoje fonte do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
“De facto, o que aconteceu [foi que] a parte mais ativa da ondulação frontal que estava prevista atravessar o grupo Oriental no dia de ontem [quarta-feira], passou, felizmente, a sueste da ilha de Santa Maria”, explicou à agência Lusa a meteorologista Rita Mota, da delegação do IPMA nos Açores.
O IPMA emitiu na quarta-feira um aviso vermelho, o mais grave, para o grupo Oriental dos Açores (São Miguel e Santa Maria), devido à previsão de “precipitação por vezes forte, podendo ser acompanhada de trovoada”, entre as 15:00 locais (16:00 em Lisboa) e as 21:00, passando depois a aviso amarelo até às 24:00.
Segundo Rita Mota, as previsões não se verificaram, tendo ocorrido precipitação ao longo da tarde, mas “os núcleos mais ativos” foram a sueste da ilha de Santa Maria, não afetando, como previsto, as ilhas do grupo Oriental, “de modo particular (…) a parte leste da ilha de São Miguel e a ilha de Santa Maria”.
O sucedido pode ser explicado por “vários fatores”: “Os modelos apontavam-nos num sentido (…). Essa ondulação frontal estava associada a um pequeno núcleo depressionário. Basta esse núcleo se desviar ligeiramente da trajetória prevista, digamos assim, para que as condições onde a atividade, em termos de precipitação será maior, também se desloquem”.
No caso concreto, a meteorologista esclareceu que o núcleo “se desviou ligeiramente, não seguiu a trajetória exata que estava prevista, daí a maior atividade em termos de precipitação ter também ocorrido numa localização diferente”.
Ao longo de toda a tarde ocorreu precipitação “mais contínua e um pouco mais intensa” na ilha de Santa Maria, mas a maior parte “caiu no mar”.
Rita Mota salientou que o alerta vermelho corresponde a uma “situação pontual e extraordinária” e foi ativado para as ilhas do grupo Oriental do arquipélago dos Açores, perante os dados indicados pelos modelos das previsões.
“Havia, de facto, condições para aviso vermelho. Foi isso que fizemos. Emitimos o aviso. Também após alguma discussão, há que tomar a decisão. Temos que pensar qual é a nossa missão (…). Havendo as condições, temos que depois seguir o protocolo que está indicado nas nossas funções”, explicou.
Sobre as razões que podem explicar o que ocorreu, a meteorologista do IPMA referiu que é “um pouco prematuro falar em alterações climáticas”, lembrando que os estudos referem que as situações mais extremas “serão cada vez mais frequentes”.
No caso dos Açores, observou que os modelos, “por mais que possam ter uma escala mais limitada, não conseguem detetar se é terra [ou] se é mar” e a incerteza “estará sempre associada a estas questões” em que “temos muito mar e pouca terra”.
Devido ao alerta vermelho, os estabelecimentos de ensino das duas ilhas encerraram na tarde de quarta-feira, bem como “todas as valências da área social, sob a responsabilidade da vice-presidência do Governo dos Açores” que implicassem a deslocação dos utentes para a sua frequência.
A Proteção Civil dos Açores também pediu aos bombeiros de São Miguel e Santa Maria que reforçassem o número de elementos nos quartéis, tendo em conta a previsão de agravamento do tempo.
O Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores informou hoje em comunicado que “não foram registadas ocorrências relacionadas com o mau tempo”.
O aviso vermelho é o mais grave de uma escala de três (vermelho, laranja e amarelo).