O realizador alemão Werner Herzog é um dos jurados do Azorean International Film Festival, que decorre, em dezembro e janeiro, em Ponta Delgada, nos Açores, onde também dará um ‘workshop’ e uma ‘masterclass’.

A participação de Werner Herzog no festival açoriano decorre de uma parceria com a produtora espanhola Extática Cine, que leva o realizador aos Açores para uma experiência de mentoria cinematográfica, num ‘workshop’ com 50 cineastas de todo o mundo, de 14 a 24 de janeiro.

Aproveitando a passagem de Herzog pela ilha de São Miguel, o Azorean International Film Festival integra na sua programação uma ‘masterclass’ de duas horas com o realizador alemão, no dia 25 de janeiro, precedida pela exibição do seu mais recente documentário, “Ghost Elephants”, que se estreou na 82.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza.

Herzog será também um dos jurados da competição internacional do festival, nas categorias de longas-metragens de ficção e documentário.

“Ficámos muito entusiasmados por poder partilhar esta oportunidade com a comunidade açoriana e não só”, contou à Lusa a realizadora e diretora artística do festival, Sofia Caetano.

Ator, produtor, encenador, escritor e realizador, Werner Herzog, com 83 anos, recebeu este ano o Leão de Ouro de carreira no Festival de Cinema de Veneza.

Realizou mais de 70 filmes de ficção e documentário, entre os quais “Fitzcarraldo”, “Aguirre, a Ira de Deus”, “Nosferatu, o Vampiro” e “Grizzly Man”.

Segundo Sofia Caetano, o nome de Werner Herzog foi um dos mais ouvidos quando questionou os participantes da primeira edição do festival sobre quem os faria deslocar-se aos Açores.

“Como sou uma pessoa sonhadora e gosto de desafios, pensei: Porque não tentar? O pior que pode acontecer é ouvir um não”, revelou.

O realizador açoriano Francisco Lacerda colocou-a em contacto com Liliana Díaz Castillo, da Extática Cine, que também fará parte do júri, e assim surgiu a parceria, que permitiu trazer um dos maiores nomes do cinema mundial aos Açores.

Quando Sofia Caetano regressou a São Miguel, em 2020, depois de viver nos Estados Unidos, sentiu que a ilha precisava de um festival internacional de cinema, que desse a conhecer a produção cinematográfica regional e o potencial do arquipélago nesta área.

“Cada vez temos mais criadores, mais realizadores e mais produção cinematográfica a acontecer neste território que precisa de ser mostrada. Havia filmes feitos cá e por pessoas de cá que estavam a passar em festivais de grande dimensão, mas depois nunca tinham sido mostrados cá nos Açores”, apontou.

O Azorean International Film Festival surgiu há um ano, com direção artística de Sofia Caetano e Elliot Sheedy, numa edição de apenas um dia e meio, mas com “boa adesão”.

“Sentimos que o nosso esforço tinha tido um ótimo ‘feedback’ e que estávamos a contribuir para o desenvolvimento cultural desta comunidade, através da dinamização deste festival”, adiantou a realizadora.

Este ano, o festival apresenta uma mostra de cinema açoriano, de 13 a 21 de dezembro, e uma competição internacional, com sete prémios, de 20 a 25 de janeiro.

A competição conta com “mais de duas centenas de filmes inscritos” de vários países.

“É uma oportunidade para mostrarmos como os Açores são um ótimo local para rodar filmes. Temos vários tipos de paisagens e há todo esse potencial para que os realizadores e os produtores possam ver o potencial do nosso território”, salientou Sofia Caetano.

Segundo a realizadora, a mostra de filmes açorianos permite, por outro lado, dar maior visibilidade ao que se faz nos Açores e fomentar a produção cinematográfica na região, apesar das limitações financeiras.

“Já no ano passado dinamizámos uma conversa entre realizadores açorianos para partilhar com o público estes desafios e para que as pessoas saibam que é importante haver cinema feito aqui. Muitas vezes o cinema tem repercussões sociais e culturais e também ao nível da promoção turística”, vincou.

Além de Werner Herzog, a competição de longas-metragens de ficção e documentário tem como jurados Lucki Stipetić e Liliana Díaz Castillo.

Nas categorias de curtas-metragens de ficção e documentário o júri é composto por Marc Vila, Paulina Martinez e Héctor Ulloque Franco.

João Gonzalez e Inês Teixeira são os jurados do prémio de curtas-metragens de animação, e Luís Banrezes e Balada Brassado das curtas-metragens ou vídeos de música.

Há ainda um prémio para a curta-metragem favorita do público, escolhida pelos espetadores.

Os vencedores recebem um prémio de 500 euros nas longas-metragens e de 250 euros nas curtas-metragens.

 

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