As organizações Save Azores Waves e SOS Monte Verde alertaram hoje para o “grave risco” de desaparecimento de “parte substancial” da Praia do Monte Verde, nos Açores, devido a obras de reabilitação, e ameaçam recorrer à justiça.

Em causa está a obra de reabilitação da envolvente ao Monte Verde, localizada no concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, relativa ao arruamento entre a Travessa da Rua da Estrela e o Largo da Vila Nova, atualmente em fase de concurso público pela autarquia, segundo uma nota das organizações.

Aquelas estruturas referem que, “após análise pormenorizada dos documentos do projeto, levada a cabo por especialistas, (…) expressam as suas mais sérias preocupações quanto aos impactos ambientais e costeiros da intervenção prevista”.

Os especialistas identificam como aspetos críticos o “avanço da estrutura de enrocamento sobre o areal, a tipologia de construção das infraestruturas de suporte e a localização da descarga da Levada da Condessa”.

Segundo a análise, o projeto “mantém a ocupação de 17 a 25 metros sobre o areal existente, apesar de existirem alternativas viáveis fora da praia”.

“Esta opção é considerada despropositada e ambientalmente incorreta, uma vez que agrava o risco de erosão costeira num local já sensível”, é referido no documento.

A construção em talude de enrocamento “suscita particular preocupação, dado o seu efeito comprovado de desassoreamento”.

As organizações referem que a experiência em outras zonas costeiras “confirma que estas estruturas podem causar erosão irreversível”, sendo que no troço adjacente, entre as Poças e a ponte existente, “já se verificou a perda total de areia, resultado direto de intervenções semelhantes”.

As organizações Save Azores Waves e SOS Monte Verde “reafirmam o seu compromisso com a proteção e valorização da Praia do Monte Verde, bem como com a candidatura à Bandeira Azul, que depende da existência e qualidade ambiental do areal”.

Aquelas instituições “reservam-se ao direito de recorrer a todos os meios legais e institucionais ao seu dispor para garantir a defesa deste importante património natural e cultural da Ribeira Grande”, apelando ao “bom senso das entidades envolvidas” no sentido de se “alcançar uma solução de consenso que permita a requalificação do local, mas que assegure, acima de tudo, a salvaguarda do bem mais relevante em presença”.

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