O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, considerou que o antigo ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio, que morreu hoje, aos 83 anos, “foi um amigo dos Açores e um açoriano de coração”.

José Manuel Bolieiro, em nome do executivo regional, manifestou o seu “profundo pesar” pela morte do jurista, magistrado, professor e antigo ministro da Justiça.

Na nota de pesar, Bolieiro recorda que entre 2003 e 2006 exerceu o cargo de ministro da República para a Região Autónoma dos Açores, função que “desempenhou com elevado sentido institucional e com um profundo respeito pelas instâncias de governo próprio”.

“De trato afável, de espírito culto e inteligência serena, Álvaro Laborinho Lúcio foi um amigo dos Açores e um açoriano de coração. Recordá-lo é celebrar um humanista que acreditava no poder da palavra, na força da justiça e no valor da participação cívica como instrumentos de progresso coletivo”, referiu o chefe do executivo açoriano de coligação.

Nos Açores, “deixou o exemplo de um homem de diálogo, atento às pessoas e às realidades de cada ilha, amigo da autonomia e da cidadania açoriana, que sempre valorizou como expressão viva da democracia”.

Bolieiro acrescentou que Laborinho Lúcio foi uma “figura de raro equilíbrio entre o saber e a humanidade” e “dedicou a sua vida à justiça, à educação e à valorização da cidadania, causas que sempre entendeu como pilares essenciais de uma sociedade livre e democrática”.

“A sua visão do Direito, centrada nas pessoas e na dignidade humana, marcou gerações e continua a inspirar quem acredita que o conhecimento e a ética podem transformar o país”, concluiu.

O Governo Regional dos Açores “associa-se à dor da família, dos amigos e de todos quantos, em Portugal e nos Açores, lamentam a perda de uma personalidade distinta, cuja memória permanecerá como exemplo de integridade, sabedoria e compromisso com o bem comum”.

Já numa publicação na rede social Facebook, Bolieiro escreveu que recebeu com “profunda tristeza” a notícia da morte de Álvaro Laborinho Lúcio.

“Tive o privilégio de o conhecer pessoalmente e de com ele partilhar momentos de reflexão e convivência. Era um homem de trato afável, de grande inteligência e de rara sensibilidade, que olhava os Açores com o carinho de quem se sentia parte desta terra. Foi, verdadeiramente, um amigo da região, um açoriano de coração”, referiu.

Laborinho Lúcio foi secretário de Estado da Administração Judiciária e ministro da Justiça em 1990, durante o Governo de Cavaco Silva, e ministro da República para os Açores, durante a presidência de Jorge Sampaio.

Foi também Procurador da República junto do Tribunal da Relação de Coimbra, inspetor do Ministério Público, Procurador-Geral-Adjunto da República, diretor da Escola da Polícia Judiciária e do Centro de Estudos Judiciários.

Na Nazaré, foi presidente da Assembleia Municipal.

Mais recentemente, integrou a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa.

A notícia da morte de Laborinho Lúcio foi avançada inicialmente pela CNN.

Álvaro Laborinho Lúcio nasceu na Nazaré em 01 de dezembro de 1941. Na juventude, foi ator amador, tendo participado na criação do Grupo de Teatro da Nazaré.

Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito e obteve o Curso Complementar de Ciências Jurídicas.

Laborinho Lúcio foi membro, entre outras, de associações como a APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima e a CRESCER-SER, de que é sócio fundador.

Entre 2013 e 2017, foi presidente do Conselho Geral da Universidade do Minho e membro eleito da Academia Internacional da Cultura Portuguesa.

Laborinho Lúcio estreou-se na escrita de ficção narrativa em 2014, com “O Chamador”, na Quetzal, editora pela qual lançou mais quatro títulos até ao ano passado: “O Homem que Escrevia Azulejos”, “O Beco da Liberdade”, “As Sombras de uma Azinheira” e o livro de crónicas e outros textos “A Vida na Selva”.

Já este ano, em março, editou, pela Zigurate, com Odete Severino Soares e ilustrações de Catarina Sobral, o livro “Marília ou a Justiça das Crianças”.

Foi condecorado em 2005 pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo.

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