O presidente do PSD defendeu terça-feira que o ciclo político-partidário que iniciou em 2022 terminou com vitórias nas autárquicas, legislativas e regionais, mas afirmou que o objetivo principal não foram os resultados, mas “governar bem”.

“Podrmos, obviamente, mostrar satisfação pela obtenção destes resultados, mas isto não é o objectivo que nós queremos para a nossa ação política: isto é apenas o instrumento de que nós precisamos para cumprir o objectivo. O objectivo é mudar a vida das pessoas. O objectivo é governar bem”, afirmou Luís Montenegro, no início do Conselho Nacional do partido, numa intervenção aberta à comunicação social.

Num discurso de cerca de meia hora, o presidente do PSD e também primeiro-ministro nunca se referiu ao Orçamento do Estado para 2026, que será votado na generalidade na próxima semana, centrando-se nos resultados eleitorais obtidos durante a sua liderança dos sociais-democratas.

No final, deixou um repto ao partido: “No dia em que nós evocamos a grande vitória que tivemos nas eleições autárquicas, a minha palavra para com o nosso partido, para com a nossa gente, é vamos ao trabalho. Nós vencemos as eleições para trabalhar”, apelou.

Antes da sua intervenção, o presidente do Conselho Nacional e presidente do Governo da Madeira Miguel Albuquerque foi o primeiro a destacar os resultados obtidos sob a liderança de Luís Montenegro.

“Pela primeira vez em 50 anos, o PSD consegue juntar a maioria das Câmaras, das Juntas de Freguesia, ao poder regional, ao governo da nação e ainda a Presidência da República… com ponto de interrogação. Parabéns a todos nós”, afirmou.

Com longos agradecimentos a todos os intervenientes no processo e, sobretudo, ao “naipe de candidatos excecionais”, Montenegro disse que, quando estabeleceu em 2022, o objetivo de o PSD voltar a ser o maior partido autárquico foi “gozado por ter tamanha ousadia e ambição”, recordando que o PS tinha obtido meses antes uma maioria absoluta nas legislativas.

Numa nota irónica, Montenegro saudou a vitória de Carlos Moedas em Lisboa: “Aquela que nós ganhámos tangencialmente por 20 mil votos ou mais, uma vitória tangencial cuja expressão é quase equivalente à distância dos dois maiores partidos nas últimas eleições europeias, vejam bem, no país inteiro”, afirmou.

Sobre a vitória nas autárquicas de 12 de outubro, o líder do PSD destacou que, “pela primeira vez desde o 25 de Abril”, o partido vai governar câmaras “em todos os distritos do país”

“Não tem sido muito assinalado, mas nós para além das 136 câmaras que governamos com candidaturas próprias, com a sigla do PSD, apoiámos também mais cinco candidaturas independentes, que não tendo a sigla do PSD na sua designação, ainda assim têm de ser averbadas também ao nosso partido”, afirmou, numa referência à vitória, por exemplo, em Setúbal pelo movimento da ex-autarca do PCP Maria das Dores Meira com o apoio dos sociais-democratas

Montenegro salientou a “transversalidade enorme” do PSD a nível autárquico, considerando que o partido tem “uma representação total daquilo que é a constituição da base social do país e da base territorial também”.

Depois, recordou o percurso eleitoral desde que assumiu a liderança do PSD, em julho de 2022, com vitórias em duas legislativas, regionais da Madeira e dos Açores e autárquicas e apenas uma derrota nas europeias.

“Começámos e terminámos um ciclo de eleições partidárias com um resultado que nos endossa a responsabilidade de sermos o grupo parlamentar mais representativo na Assembleia da República, de termos a condução do Governo, de termos os dois maiores grupos parlamentares nas Assembleias Legislativas dos Açores e da Madeira e de conduzirmos os respetivos governos, de termos as câmaras e as juntas de freguesia que permitem liderar as respetivas associações nacionais e de termos uma representação no Parlamento Europeu que é praticamente equivalente à maior que é a do Partido Socialista”, resumiu.

O líder do PSD, que assegurou já estar a começar a preparar as autárquicas de 2029, disse que só pretende vencer eleições “para poder utilizar a confiança das pessoas e transformar essas vitórias em conquistas para a vida das pessoas”.

“Esta filosofia foi sufragada nas urnas. Este caminho tem a confiança do povo português. Este caminho atribuiu-nos uma responsabilidade. E nós dizemos ao país que a responsabilidade é grande, mas nós não temos medo dela. Nós vamos agarrá-la, nós vamos cumpri-la, nós vamos executá-la”, assegurou.

O Conselho Nacional do PSD ficou hoje marcado pela notícia da morte do fundador e militante número um do partido, Francisco Pinto Balsemão, que foi transmitida aos participantes pelo presidente do partido, Luís Montenegro, sendo recebida com aplausos.

A reunião prosseguiu depois, até cerca da meia-noite, com a ordem de trabalhos prevista.

 

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