Este artigo não serve para qualquer tipo de justificação sobre os resultados da CDU. Serve, apenas, para abordar alguns factos e argumentos que pesam nas políticas públicas e na decisão sobre o sentido de voto de cada eleitor.
Perto das eleições, é recorrente o apelo ao voto útil. Com a ajuda de um bem montado palco mediático, este argumento tem sido muito eficaz para esconder o incumprimento das promessas eleitorais e fugir ao debate sobre projetos políticos, procurando apresentar como diferente aquilo que é praticamente igual.
Portanto, quando se fala de voto útil, seria bom colocar duas perguntas. Útil para quem e útil para quais políticas? Para responder, vejamos alguns casos.
Em Lisboa, o apelo ao voto útil contribuiu para não eleger a segunda vereadora da CDU, Ana Jara, que foi a primeira a agir e a mobilizar os cidadãos indignados, quando Moedas tentou arrancar árvores – jacarandás – numa avenida de Lisboa, para favorecer promotores imobiliários.
Com o apelo ao voto útil, esconderam o apoio do PS a cada passo de Moedas na venda da capital. Mas também ocultaram que, antes do PSD e de Moedas, Medina e o PS já tinham praticado essa mesma política de direita. Assim se explica o voto a favor do PS nos últimos 4 orçamentos e a vitória de Moedas.
Em 2022, em Évora, o apelo ao voto útil no PS contribuiu para a eleição de um deputado do PSD, em vez de João Oliveira, da CDU.
Em Santiago do Cacém, que era de maioria da CDU, o PS, que defende frentes de esquerda onde lhe convém, juntou-se ao PSD, CDS e IL para apoiar uma candidatura que de independente só teve o nome, porque na realidade era uma coligação a 4. Este é o mesmo PS que criou enormes dificuldades, chumbando os orçamentos da CDU no Seixal, em Grândola, em Setúbal, em Évora e noutros concelhos, ao mesmo tempo que aprovou os do PSD.
A conclusão é evidente: o apelo ao voto útil serve a quem quer fugir ao debate e esconder as semelhanças políticas. Sobretudo, ajuda a manter um sistema que foi construído para favorecer a política de direita e quem a pratica, sustentando e perpetuando uma alternância sem verdadeira alternativa política.




















