Há gente que não gosta da estatística, pela sua proximidade à matemática ou simplesmente porque embirra com esta ciência dos dados. Também conheço gente que desconfia da estatística, das suas técnicas quantitativas para descrever os fenómenos. Olham de soslaio para os números, médias, medianas, quatis, desvios padrões e tudo o que a estatística produz. Mesmo sem ler Orwell, esta gente teme haver em cada esquina governamental uma espécie de Ministério da Verdade, onde se multiplicam zelosos funcionários nas tarefas de Winston Smith.
O receio da tribo só se desvanece quando os mesmos serviços oficiais divulgam indicadores estatísticos que apontam no sentido da desgraça – a inflação que sobe, o desemprego que cresce, a economia que derrapa, os aeroportos com menos passageiros, a dívida pública a aumentar, até coisas simples, quotidianas, que a ciência analisa e interpreta. Nestes momentos, a turba converte-se em fervorosa multidão que confia o seu destino aos números estatísticos.
Vem isto a propósito de uma certa indiferença quanto ao trabalho de divulgação de dados feito pelo Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA). Ainda longe de ter o quadro técnico que um departamento desta natureza requer, é justo reconhecer a crescente produção estatística regional e a pertinência da informação que o SREA disponibiliza ao público, principalmente aos decisores políticos e empresários.
Só na presente semana o SREA deu a conhecer a remuneração média mensal por trabalhador, o indicador mensal da atividade económica e o índice do consumo privado em junho. É obra.