TERESA ALMODÕVAR, Diretora serviço de Pneumologia do IPO de Lisboa

A incidência do Cancro do Pulmão, tem vindo a aumentar rapidamente nos últimos 100 anos sendo, atualmente é uma das doenças oncológicas mais diagnosticadas em todo o mundo e a principal causa de morte por cancro a nível mundial.

A elevada letalidade do Cancro do Pulmão é devida ao seu diagnóstico tardio e à má resposta ao tratamento nos casos de doença avançada. Cerca de 70 a 80% dos casos de Cancro do Pulmão ainda são diagnosticados em estadio localmente avançado ou metastizado, situação em que não há terapêutica curativa. Mesmo com os avanços de diagnóstico nesta área, as pessoas com Cancro do Pulmão continuam a chegar aos centros de diagnóstico e terapêutica dos Hospitais em fase avançada da doença que não permite terapêutica curativa.

O diagnóstico tardio do Cancro do Pulmão está relacionado, com o facto de os sintomas se podem confundir com os sintomas de bronquite ou uma infeção respiratória arrastada, dores ósseas degenerativas, etc.

Embora a idade média de aparecimento de Cancro do Pulmão se situe nos 72 anos, esta não é apenas uma doença de idosos. Há um elevado número de mortos abaixo dos 65 anos e, os casos em pessoas com menos de 45 anos têm vindo a ser cada vez mais frequentes.

A percentagem de pessoas que não fumaram, mas que têm Cancro do Pulmão tem vindo a aumentar, rondando atualmente os 20%. O número de mulheres com Cancro do Pulmão tem vindo a aumentar devido ao aumento de mulheres fumadoras e também a alterações genéticas causadoras de cancro.

Idade mais baixa, sexo feminino e o facto de não ser fumador, que eram considerados anteriormente indicadores de muito baixa probabilidade de ter cancro do pulmão, já não podem ser considerados como tal.

Sintomas como tosse com ou sem expetoração, falta de ar, farfalheira ou com cansaço, dores no peito, dores ósseas, dores de cabeça, falta de apetite, emagrecimento sem causa aparente, alterações nos dedos, podem ser devidos a cancro do pulmão.

A primeira vez em que eu achei que tinha salvo uma pessoa de morrer de cancro do pulmão, ainda não estava a trabalhar na área do cancro do pulmão. O dono de uma loja perto de casa, um grande fumador, apresentava unhas em baqueta de tambor, uma das síndromes para neoplásicos do cancro do pulmão. Quando vi as unhas desse senhor, referenciei-o a uma consulta de pneumologia, e, para tornar uma história grande curta, ele foi operado e sobreviveu ao cancro do pulmão.

O rastreio do cancro do pulmão, muito falado atualmente, vai chegar e aumentar o número de cancros diagnosticados em situação curável. Há inúmeras novas terapêuticas que permitem um aumento da sobrevida das pessoas com cancro do pulmão

Mas continua a ser fundamental um diagnóstico atempado e para isso é importante que todos estejamos atentos à possibilidade do diagnóstico de Cancro do Pulmão, médicos e população em geral. O aparecimento de tosse sem causa aparente ou com duração de mais de uma semana, sangue na expetoração, cansaço inexplicável, dores persistentes, cefaleias, são sintomas que devem levar à consulta do médico assistente com suspeita de Cancro de Pulmão.

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