A dois meses das eleições autárquicas, a pré-campanha ainda está a ‘meio-gás’ nos Açores e na Madeira, com a habitação como tema principal do debate e reviravoltas nas listas devido a coligações ou substituições de candidatos.

Nos Açores, as redes sociais têm sido o palco preferencial para a pré-campanha, já que as ações no terreno – como visitas ou reuniões – têm decorrido, sobretudo, nos municípios mais populosos – Ponta Delgada, Ribeira Grande, Praia da Vitória, Angra do Heroísmo ou Horta.

Para as eleições de 12 de outubro, as atenções estão centradas nas câmaras em que o autarca eleito há quatro anos não se pode recandidatar, como na Ribeira Grande (PSD), Vila Franca do Campo (PS) e Lagoa (PS), na ilha de São Miguel; Angra do Heroísmo (PS) na Terceira; Velas (CDS-PP) e Calheta (independente), em São Jorge; Madalena (PSD), no Pico; Lajes e Santa Cruz (ambas PS), nas Flores.

Em Ponta Delgada, maior concelho dos Açores e um bastião do PSD, o PS começou por apresentar-se sozinho na corrida, mas acabou por formar a coligação “Unidos por Ponta Delgada” com BE, PAN e Livre – uma aliança que não é frequente na região – para tentar destronar a recandidatura do social-democrata Nascimento Cabral.

De fora da coligação de esquerda ficou o movimento “Ponta Delgada para Todos”, encabeçado por Sónia Nicolau, uma antiga deputada regional do PS que mostrou disponibilidade para assumir a candidatura socialista ao município, mas acabou por concorrer como independente.

Nas intervenções dos candidatos aos 19 municípios açorianos, a habitação tem sido transversalmente apontada como uma das prioridades, tal como a necessidade de travar o despovoamento dos concelhos mais isolados.

Estas eleições poderão vir a desequilibrar a ‘balança’ entre os maiores partidos no arquipélago, já que PS tem nove municípios, os mesmos da soma de PSD e CDS-PP, que estão juntos no Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) e que assumiram a liderança das associações de municípios e freguesias após as autárquicas de 2021, devido ao apoio do independente da Calheta, o único concelho gerido por um movimento de cidadãos.

Na Madeira, onde 10 forças políticas e dois movimentos de cidadãos já apresentaram publicamente as listas às autárquicas, embora a maioria não concorra nos 11 concelhos que constituem a região autónoma, o ambiente no período de pré-campanha eleitoral tem sido calmo, com poucas iniciativas.

O foco, até agora, tem incidido na elaboração das listas, com avanços e recuos, desistências e substituições, com destaque para a candidatura da coligação PSD/CDS-PP nos concelhos do Funchal e de São Vicente, onde os candidatos apontados inicialmente, João Luís Nunes e Fernando Góis, respetivamente, foram substituídos por Jorge Carvalho e António Gonçalves.

Nas ações de pré-campanha já levadas a cabo, um dos temas em destaque, comum a todas as forças políticas, foi o da habitação, tendo em conta a crise no setor, mas também foram abordadas questões relacionadas com assuntos sociais, mobilidade e acessibilidades.

As forças que já apresentaram candidaturas são PSD e CDS-PP (partidos que sustentam o Governo da Madeira e que concorrem coligados em oito dos 11 concelhos da região e avançam sozinhos em três), JPP (oito municípios), PS (nove), Chega (seis), CDU (quatro), IL (quatro), PAN (dois), BE (dois) e Livre (um).

Nestas eleições, concorrem também dois movimentos independentes: Ribeira Brava em Primeiro (RB1), que recebeu o apoio do PS, e Uma Nova Esperança (UNE), no Porto Santo.

Nas anteriores autárquicas, a coligação PSD/CDS-PP venceu em três dos 11 concelhos da Madeira: Funchal, São Vicente e Porto Santo.

O PSD, isolado, venceu em Câmara de Lobos e Calheta, enquanto o CDS-PP ganhou sozinho em Santana.

O PS conquistou a maioria em Porto Moniz, Machico e Ponta do Sol, enquanto o JPP manteve a presidência em Santa Cruz.

Na Ribeira Brava venceu o movimento Ribeira Brava Primeiro, com uma lista que recebeu o apoio de sociais-democratas e centristas.

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