O dia 15 de agosto é sempre especial para os católicos e, em particular, para os habitantes de Água de Pau, sendo assinalado com grande pompa e circunstância.
A comunidade local iniciou as celebrações com a tradicional decoração das ruas para receber a procissão. Além dos habitantes de São Miguel e dos turistas que visitam a ilha nesta altura do ano, muitos emigrantes de férias juntaram-se também a este momento solene, recordando tradições antigas.
A Igreja Paroquial de Nossa Senhora dos Anjos é considerada o maior património da freguesia. A referência mais antiga à sua existência remonta a 1488, através de uma doação feita a Frei Estevão, então capelão de Santa Maria dos Anjos, da “Vila Nova de Água de Pau”. Mais tarde, em testamento datado de 26 de novembro de 1511, João Afonso das Grotas Fundas deixou à igreja a quantia de quatrocentos réis para a aquisição de um frontal. Já em 1526, o templo dispunha de um capelão, dois beneficiados e um tesoureiro, sendo que o capelão tinha direito a dois moios de trigo, duas pipas de vinho e quinze mil reais.
Do ponto de vista arquitetónico, destaca-se o frontispício, concluído em 1774, onde se encontra gravada a cruz da Ordem Militar de Cristo. O púlpito, datado do mesmo ano, apresenta semelhanças com o da Igreja de Santa Cruz. Entre o espólio do templo, sobressai a imagem de Nossa Senhora dos Anjos.
As festividades em honra da padroeira decorreram de 3 a 17 de agosto, sempre com forte participação da comunidade local. Como referiu o padre João Martins Furtado, trata-se de um momento vivido “com esperança pela comunidade da Vila de Água de Pau, num programa que conjuga cultura popular com espiritualidade: concertos de bandas e grupos musicais, fogo de artifício, cortejo etnográfico, bem como a celebração da Eucaristia com Comunhão Solene e Profissão de Fé”.
A Eucaristia solene de 15 de agosto, celebrada às 12h30, foi presidida pelo Cónego Gregório Rocha, Vigário-Geral da Diocese de Angra, e contou com a participação do Coral Nossa Senhora dos Anjos.
A procissão constituiu um dos pontos altos das festividades, reunindo 19 andores, com destaque para o de Nossa Senhora dos Anjos, e a participação de dez bandas filarmónicas oriundas de Vila Franca do Campo, Pico da Pedra, Santa Bárbara da Ribeira Grande, Santa Cruz (Lagoa), Ribeirinha, Rabo de Peixe e da própria freguesia, através da Banda Filarmónica Fraternidade Rural. Como convidada esteve ainda a Sociedade Filarmónica Riomoinhense, de Abrantes.
O cortejo contou igualmente com a presença de escuteiros, romeiros, acólitos, sacerdotes, autoridades, grupos desportivos, recreativos e culturais, além da Charanga dos Bombeiros de Ponta Delgada.
Para terminar este meu apontamento de reportagem sito uma quadra do Hino da Padroeira cantada pelo coro:
Nossa, Mãe, ó Senhora dos Anjos
Linda estrela a guiar-nos com brilho
Espalhai lá do céu sobre o mundo
O perdão de Jesus Vosso Filho
(Pelo Dr. Armando Cortês Rodrigues)