São bem conhecidas as fragilidades da economia nacional, realidade mais grave nos Açores. Apesar dos discursos de circunstância, feitos para esconder os responsáveis, as causas são várias: ausência de inovação, reduzida incorporação tecnológica e baixo valor acrescentado na cadeia produtiva. Estes factos não são da responsabilidade dos Trabalhadores, dos Agricultores, dos Pescadores ou dos Micro e Pequenos Empresários. Por mais que o tentem disfarçar, a responsabilidade é de opções políticas que foram servindo quase em exclusivo os interesses dos grandes grupos económicos.
Foi-se assim condicionando o nosso desenvolvimento económico e social, com o contínuo agravamento das desigualdades. Apesar dos dados económicos revelarem o crescimento da riqueza, esta encontra-se cada vez mais polarizada. Acumula-se sempre no mesmo lado da balança: no das grandes fortunas ou, com maior rigor, no do grande capital. A percentagem da riqueza que reverte para Trabalhadores, Produtores e Pequenos Empresários é cada vez menor. Com uma inflação que não dá descanso, vão-se produzindo as condições para (mais) uma tempestade perfeita.
Em vez de trabalhar para corrigir este cenário, o governo da República, com o apoio do CH e da IL e a viabilização do PS, apresentou propostas de alteração à legislação laboral que só podem agravar as desigualdades e as condições de vida. O resultado será a ainda maior generalização do salário mínimo, a redução geral do poder de compra, a incerteza permanente do posto de trabalho, a facilitação dos despedimentos e o enfraquecimento – ainda mais – da negociação coletiva e do diálogo social nas empresas.
Mais uma vez, usam o repetitivo e falso argumento de terem em vista o interesse dos trabalhadores e do país e que a legislação laboral é excessivamente rígida. Ao fim de 20 anos sempre a dizer o mesmo, seria de esperar que a cassete mudasse. Com duas versões do código do trabalho e mais de 10 alterações que favoreceram o lado mais forte na relação laboral, a legislação laboral é tudo menos inflexível. É caso para dizer que mais vale não deixarmos o Luís trabalhar…