Autor: PM | Foto: DR

Apesar de poder afetar até 50% dos homens em Portugal, a disfunção erétil continua a ser um tema envolto em tabus, mitos e conceções erradas que atrasam o diagnóstico e impedem o acesso ao tratamento.

Segundo a médica de família Joana Matos Branco, esta condição “pode estar associada a problemas psicológicos ou, na maioria dos casos, ter origem física, muitas vezes relacionada com doenças crónicas como doenças cardiovasculares, aterosclerose, diabetes, obesidade e hipertensão arterial, podendo ser o primeiro sinal destas patologias”.

Embora seja considerada “uma doença benigna”, a especialista alerta que ignorar os sintomas pode ter consequências para além da vida sexual, afetando o bem-estar emocional e psicológico, provocando ansiedade, depressão, baixa autoestima e problemas no relacionamento conjugal. Ao não procurar tratamento, o doente pode estar também a negligenciar problemas de saúde mais graves.

Entre as principais barreiras à procura de ajuda estão o constrangimento e o preconceito, muitas vezes alimentados pelo medo de ver questionada a masculinidade, pela vergonha de falar com o parceiro ou com o médico, pela falta de informação cientificamente validada e pela crença de que a disfunção erétil é apenas uma consequência natural do envelhecimento. “Falar abertamente sobre disfunção erétil é o primeiro passo para resolver o problema. O silêncio só prolonga o desconforto e impede o acesso às soluções eficazes que já existem hoje”, reforça Joana Matos Branco.

Embora a prevalência aumente com a idade, a condição não é exclusiva dos mais velhos. Estima-se que até 30% dos homens com menos de 40 anos possam ser afetados, tal como 29% dos homens entre os 40 e 49 anos, 50% entre os 50 e 59 anos e 74% entre os 60 e 69 anos. “Pode surgir em qualquer fase da vida e deve ser encarada sem preconceito”, sublinha a médica, acrescentando que ter disfunção erétil “não significa falta de desejo sexual, mas sim dificuldade em obter ou manter uma ereção, podendo o desejo permanecer intacto”.

A especialista alerta ainda para os riscos associados a tratamentos “naturais” adquiridos fora de controlo médico, muitas vezes vendidos na internet. Estes produtos podem ser perigosos, sobretudo quando combinados com medicamentos para doenças crónicas, como diabetes ou problemas cardíacos, provocando interações graves. Por isso, recomenda que qualquer tratamento seja sempre acompanhado por um profissional de saúde.

O conselho final é claro: perante os primeiros sinais, não se deve recorrer à automedicação ou a alternativas de eficácia duvidosa. O caminho mais seguro é procurar ajuda médica e falar de forma aberta sobre o problema, garantindo um diagnóstico correto e o acesso a soluções eficazes e seguras.

PUB