A FENPROF, a partir dos dados que recolheu, e cuja fonte é o próprio Ministério da Educação, concluiu que, em todo o ano letivo, a falta de professores atingiu quase 1,4 milhões de alunos. A dimensão e o crescimento anual do problema não deixam dúvidas: a responsabilidade é política, devendo ser assumida por este governo, mas também pelos anteriores.Urge estancar a falta de professores, atrair de novo para a profissão as dezenas de milhares que a abandonaram nos últimos anos e apostar na formação de novos profissionais.
Apesar dos factos serem muito objetivos, no fim de julho, na Assembleia da República, oministro da educação rejeitou a dimensão do problema. Sem surpresas, recebeu o apoio da direita, com destaque para a Iniciativa Liberal. Contudo, apesar de a direita gostar de se afirmar como a campeã da competência e de o ministro ter encomendado estudos especificamente para este efeito, teve de reconhecer que não sabia qual foi o número de alunos sem professor!É difícil enviar um mail às escolas a perguntar?
Poucos dias depois, o governo anunciou uma remodelação profunda no Ministério da Educação, feita nas costas de quem conhece a realidade no terreno. Nem a habitual propaganda permitiu fingir que pretende dar melhores condições às escolas. Os objetivos serãoenfraquecer a Escola Públicae favorecer as escolas privadas, semprecom dinheiros públicos.Primeiro, querem afetar ainda mais o funcionamento da Escola Pública, para depois repetirem o velho dogma de que o dinheiro público deve ir para as escolas privadas, porque estas funcionam melhor. É caso para dizer que gastando o dinheiro dos outros é fácil ser-se liberal!
Estas são opções políticas que só poderão ter efeitos negativos no desenvolvimento do País. Construir uma economia baseada na inovação, no trabalho qualificado e na produtividadeexigea aposta na Escola Pública – a única que pode e quer responder a todos os alunos. Contudo, o governo prefere seguiras pisadas da Hungria, da Argentina e dos EUA, países governados pela extrema-direita.Tristemente irónico é que tudo isto se passa no chamado século do conhecimento.