As associações representativas dos empresários de São Jorge manifestaram hoje “profunda indignação” por o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter estado duas horas naquela ilha, na visita feita aos Açores na semana passada.

Numa nota, a Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo (CCIAH) e o Núcleo Empresarial da Ilha de São Jorge (NESJ) indicam que o Presidente da República reduziu “drasticamente a sua visita à ilha de São Jorge, inicialmente prevista para dois dias, a uma presença meramente simbólica e apressada, limitada a apenas duas horas”.

As organizações referem, em nota de imprensa, que a visita “acabou por se limitar à participação na cerimónia de internalização de um confrade da Confraria do Queijo de São Jorge, momento esse de grande simbolismo para a ilha e para o seu principal produto de origem”.

“Contudo, essa presença, pela forma breve e apressada com que decorreu, ficou muito aquém do que estava inicialmente previsto, publicamente anunciado pela Casa Civil do senhor Presidente da República, e do que a ilha de São Jorge legitimamente esperava”, frisam.

O conteúdo do comunicado foi dado a conhecer à Casa Civil do Presidente da República, tal como ao presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro.

Segundo os empresários, perante uma visita “previamente anunciada com tempo e expectativas criadas”, considerava-se “essencial uma agenda de proximidade com a população, com o tecido empresarial e com as diferentes realidades que compõem o quotidiano desta ilha, marcado, como é sabido, pelos desafios da insularidade e do isolamento”.

A CCIAH e NESJ afirmam que estava prevista a realização de um mergulho simbólico de Marcelo na Poça Simão Dias, um momento que, “além do seu valor simbólico, teria representado uma oportunidade significativa de promoção turística da ilha junto ao mercado nacional, com impactos evidentes nos setores do turismo, comércio e restauração”.

“A alteração da agenda presidencial resulta, de forma inequívoca, de uma cedência à pressão da presidência do Governo Regional para que o chefe de Estado se deslocasse à ilha de São Miguel, algo que não constava da agenda previamente estabelecida”, segundo as associações.

Esta decisão, acrescentam, representa “não só um desrespeito institucional para com São Jorge, como reflete a contínua cedência aos interesses centralistas regionais que, sistematicamente, ignoram as ilhas mais pequenas do arquipélago dos Açores”.

A CCIH e o NESJ queixam-se ainda “com igual perplexidade”, da ausência do presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, Luís Garcia, que, “ao contrário do ocorrido noutras ilhas, durante esta visita presidencial não marcou presença em São Jorge”, apesar de ter “confirmado previamente a sua participação na cerimónia da Confraria do Queijo de São Jorge”.

O Presidente da República realizou na semana passada um périplo por várias ilhas dos Açores, fazendo-se acompanhar, além de outras figuras institucionais, pelo presidente do Governo dos Açores

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