O governo da República indicou Álvaro Santos Pereira para governador do Banco de Portugal, o que desmascara os discursos da direita sobre a meritocracia. Este foi um dos ministros da economia que Passos Coelho indicou para cumprir um programa político que devastou a economia portuguesa. Este foi o ministro que sugeriu a exportação dos pasteis de Belém, muitos anos depois dessa empresa os ter levado para outras paragens a milhares de quilómetros de Belém.

Esta escolha não resulta das competências de Álvaro Santos Pereira. Ou melhor, resulta de um longo currículo a favorecer a banca e a submeter-se às imposições do Banco Central Europeu. E, neste ponto, pouco o distingue de Mário Centeno, que agora saiu do cargo. Não ignoro as diferenças entre ambos, mas, infelizmente, estamos longe dos tempos em que o Banco de Portugal tinha autonomia e podia tomar decisões que tinham em consideração a realidade nacional.

Três factos sustentam estas afirmações. Quando o Banco Central Europeu determinou o aumento brutal das taxas de juro, o Banco de Portugal ficou em silêncio, mesmo sabendo-se que os Portugueses iriam ser dos mais afetados – e que continuam a ser! Quando a banca aumentou os seus lucros à custa das famílias – nomeadamente das comissões e dos juros com o crédito à habitação – o Banco de Portugal ficou em silêncio. Mas, sobretudo, uma política de submissão aos interesses das maiores potências europeias – França e Alemanha –, conduzida pelo aprofundamento da União Bancária e pela política monetária do Euro, foi reduzindo a autonomia e os poderes do Banco de Portugal. E, nestes aspetos, tanto o anterior como o atual governadores estão de acordo. Tal como o PS e toda a direita – incluindo a extrema direita.

Virá o tempo em que o Banco de Portugal será um instrumento importante para o desenvolvimento económico e social do país. Em que será um instrumento de soberania, que terá em conta os interesses nacionais. Mas isso exige uma política patriótica e de esquerda, como propõem o PCP e a CDU!

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