O Ecomuseu do Corvo vai criar a Casa dos Teares, que será um “espaço vivo” e terá teares em laboração, no âmbito da estratégia de valorização do ciclo da lã, revelou hoje a direção.
“O grande projeto que nós temos e que gostaríamos de facto [de concretizar], e que está também em vias de avançar, era a inauguração e a formalização do projeto da Casa dos Teares, cujos imóveis já foram adquiridos”, disse à agência Lusa a diretora do Ecomuseu do Corvo, Deolinda Estêvão.
Segundo a responsável, o objetivo é criar “mais um outro espaço do Ecomuseu do Corvo, onde as pessoas possam visitar e possam ver todo o ciclo da lã, mas que seja também um espaço vivo”.
“[Que] não seja só um espaço de visita, mas que possamos ter teares a laborar e pessoas que possam rentabilizar esses teares”, salientou.
Além da Casa dos Teares, o Ecomuseu da mais pequena ilha dos Açores pretende concretizar “rapidamente” o projeto da Casa da Memória.
A direção do equipamento cultural tem organizado atividades para capacitar a comunidade “para a importância do ciclo da lã e para reativar este ciclo da lã em novos moldes, novas perspetivas”.
“Nós temos vindo, desde há quatro/cinco anos, a dinamizar uma série de atividades, desde a recriação do dia da lã a atividades pedagógicas com os mais jovens, com as crianças nas escolas, com as formações que temos feito sobre a teclagem”, recordou Deolinda Estêvão.
Por outro lado, a ilha tem atualmente um jovem criador de ovelhas e uma tecedeira que adquiriu um tear e utiliza a lã como matéria-prima.
“Tudo isto leva o seu tempo, o processo [de revitalização do setor da lã] está ainda muito no início, mas penso que, em quatro anos, conseguirmos que uma pessoa do Corvo já tenha adquirido um tear para começar a produzir as suas próprias peças é, de facto, muito importante”, admitiu a responsável.
Em 2024, o Ecomuseu do Corvo ajudou a recuperar a tradição da tecelagem e, 55 anos depois, a mais pequena ilha dos Açores voltou a ter tecelãs no ativo, que produzem pequenas peças de artesanato, como almofadas e bolsas.
Segundo Deolinda Estêvão, há agora uma tecelã certificada e registada no CADA – Centro de Artesanato e Design dos Açores como artesã da ilha do Corvo dedicada à tecelagem.
“Isto é um marco histórico – desde 1969 a tecelagem extinguiu-se na ilha. Passados estes 55 anos temos novamente a tecelagem viva e podemos dizer que faz parte novamente do património imaterial do Corvo”, assinalou.
No âmbito do tema da lã, o Ecomuseu do Corvo vai inaugurar, na sexta-feira, a exposição participativa “A Arte Secular do Trabalho da Lã nos Açores: Da Tosquia ao Lar”, que reúne contributos de nove museus dos Açores e de particulares.
Pela primeira vez, os oito museus públicos de outras ilhas açorianas reúnem-se numa exposição conjunta, numa colaboração com o Ecomuseu do Corvo e com a comunidade corvina, para construção de um “retrato insular do ciclo tradicional da lã – da tosquia ao lar”.
“É uma mostra participativa que combina objetos de elevado valor etnográfico com testemunhos vivos e peças do quotidiano que não são mais do que uma celebração da memória, da identidade e da entreajuda que moldaram a vida nas ilhas”, disse Deolinda Estêvão.
A exposição é inaugurada às 17:45 locais (mais uma hora em Lisboa) de sexta-feira. Tem entrada livre e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10:00 às 12:30 e das 14:00 às 16:30 locais, até 30 de setembro.