O eurodeputado André Franqueira Rodrigues participou esta sexta-feira na Marcha dos Agricultores, em Bruxelas, onde entregou uma carta à Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e à Confederação Europeia dos Agricultores e Cooperativas Agrícolas (COPA-COGECA) – entidades organizadoras do protesto –, deixando um aviso claro às instituições europeias: a proposta de orçamento da Comissão Europeia para 2028-2034 ameaça comprometer o futuro da Política Agrícola Comum (PAC).
Segundo o eurodeputado socialista, as propostas da Comissão liderada por Ursula von der Leyen colocam em causa os princípios fundadores da PAC, podendo transformá-la numa política fragmentada e nacionalizada, sem solidariedade entre Estados-Membros e com os dois pilares fundamentais da agricultura europeia sob forte pressão.
“O que a Comissão está a preparar pode significar o fim da Política Agrícola Comum tal como a conhecemos”, declarou André Franqueira Rodrigues durante a marcha.
O parlamentar açoriano criticou os cortes propostos em áreas vitais para a soberania alimentar europeia e para a competitividade do setor agrícola, alertando ainda para o risco de agravamento das desigualdades entre Estados-Membros e o impacto negativo no desenvolvimento rural, no combate ao despovoamento e na manutenção dos serviços essenciais nas zonas rurais.
“A ausência de um compromisso europeu efetivo e robusto gera instabilidade para quem trabalha a terra. A Comissão está a gerar ainda mais incerteza a um setor que já atravessa grandes dificuldades”, sublinhou.
Reivindicando uma PAC verdadeiramente comum, com orçamento próprio e ajustado à inflação, André Franqueira Rodrigues defendeu que a Europa deve assegurar rendimento justo para os produtores e alimentos seguros e acessíveis para os consumidores.
“A Comissão não pode transformar o próximo orçamento europeu numa ilusão, fingindo que faz mais quando, na realidade, faz menos por quem mais precisa.”
O eurodeputado alertou ainda para os efeitos concretos em Portugal, referindo a situação vivida na Região do Douro como exemplo das consequências de políticas desajustadas.
“O que hoje vemos a acontecer na Régua e em toda a Região do Douro, com protestos pela falta de apoio ao setor vitivinícola, a crise, a instabilidade e o abandono de produtores, poderá replicar-se se nada for feito para travar este caminho.”
Nesse sentido, lançou um apelo aos responsáveis políticos nacionais e regionais, em particular ao PSD, cujo partido integra a maioria que lidera a Comissão Europeia, o Governo da República e os governos das Regiões Autónomas, para que defendam o interesse nacional e travem “um retrocesso severo para o mundo rural”.
Por fim, garantiu que continuará esta batalha no Parlamento Europeu:
“Uma Europa forte é aquela que protege, sim, mas que não abdica da coesão, da agricultura, da saúde ou da educação como prioridades centrais. Não aceitaremos malabarismos orçamentais nem ilusões políticas. Precisamos de um orçamento robusto e de uma PAC à altura das necessidades reais das pessoas. Tentar fazer mais com menos é, na verdade, fazer menos por todos — e isso não podemos aceitar.”