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O PS/Açores denunciou hoje um aumento das desigualdades no arquipélago, alertando para o “caos” nos transportes e atrasos na recuperação do hospital de Ponta Delgada, enquanto o Governo Regional contrapôs com investimentos em várias ilhas.

Durante um debate urgência proposto pelo PS na Assembleia Legislativa dos Açores, sobre os “desafios e entraves à coesão económica, social e territorial”, a líder parlamentar socialista criticou a atuação do executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) na educação, saúde, pescas, combate às drogas, agricultura, transportes, turismo e na gestão das contas públicas.

“A coesão territorial não se faz com discursos de circunstância ou visitas protocolares. Faz-se com ligações regulares, transportes marítimos e aéreos fiáveis, serviços públicos disponíveis em todas as ilhas e com investimentos que não deixem ninguém para trás”, afirmou Andreia Cardoso durante o plenário da Assembleia Regional, na Horta.

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A socialista considerou o “caos vivido nos transportes marítimos e aéreos” como o “maior obstáculo ao desenvolvimento económico” da região e acusou o Governo Regional de “andar de promessa em promessa, de adiamento em adiamento, de desculpa em desculpa” no processo de recuperação do hospital de Ponta Delgada.

“Um governo que falha no dever de promover uma região onde todas as ilhas contam, é um governo que cria desigualdades quando devia combatê-las”, afirmou.

Na discussão, o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades lembrou a criação da Tarifa Açores, o reforço dos apoios sociais e o fretamento dos navios “Thor” e “Margareth” para o Corvo e Flores.

Paulo Estêvão elencou investimentos realizados nas várias ilhas, como o aumento dos cuidados de saúde” no Pico, a “renovação da rede escolar” na Graciosa ou o reforço do programa de apoio à natalidade em Santa Maria.

“Em São Miguel e na Terceira, ilhas com maior peso populacional, aplicámos critérios de equidade nos investimentos, sem cair na tentação de esquecer o resto da região. Porque a integração regional também exige equilíbrio — e, por vezes, saber dizer não ao excesso”, defendeu.

A secretária do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas interveio para destacar que o executivo regional está a fazer uma “grande reforma” no transporte marítimo, o que exige “coragem”, mas também “cuidado” para não comprometer o abastecimento.

Já José Pacheco, do Chega, alertou para a “falta de coesão” no interior de São Miguel e acusou o Governo dos Açores de “ter medo de enfrentar os cartéis instalados”.

O líder parlamentar do PSD/Açores, Bruto da Costa, reconheceu que existem “muitos desafios” na coesão regional devido a “todos os problemas deixados pelo PS ao longo de 24 anos de governação” (1996 a 2020).

Catarina Cabeceiras (CDS-PP) também elogiou o Governo Regional, ao considerar que “nunca houve um esforço tão claro para combater o isolamento e reforçar a equidade”, tal como João Mendonça (PPM), que criticou a “herança muito pesada” deixada pelo PS.

O deputado único do BE, António Lima, apontou a “pobreza, a desigualdade e os baixos salários” como os maiores obstáculos à coesão, lamentando a diminuição de funcionários públicos nos últimos quatro anos.

Por sua vez, o liberal Nuno Barata avisou que os Açores registaram o “quarto pior índice de desenvolvimento regional em 2023 do país” e apelou para que não se limite o desenvolvimento de São Miguel, maior ilha açoriana que enfrenta problemas de “pobreza, indigência e degradação da habitação”.

O parlamento dos Açores é composto por 57 deputados, 23 dos quais da bancada do PSD, outros 23 do PS, cinco do Chega, dois do CDS-PP, um do IL, um do PAN, um do BE e um do PPM.

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