O eurodeputado açoriano do PSD, Paulo do Nascimento Cabral, alertou esta semana, em Estrasburgo, para os riscos da instabilidade nas relações comerciais entre a União Europeia e os Estados Unidos, sublinhando que a atual incerteza “é má para os negócios, mas é ainda pior para as relações transatlânticas, que outrora eram intocáveis”.
A intervenção ocorreu durante o debate em sessão plenária sobre as Negociações comerciais UE-Estados Unidos, que contou com a participação do Comissário Europeu para o Comércio e Segurança Económica, Maroš Šefčovič.
“Perante essa instabilidade, tenho de elogiar pela paciência democrática”, declarou Paulo do Nascimento Cabral no arranque da sua intervenção, reconhecendo o esforço político necessário para manter aberta a via do diálogo com os parceiros norte-americanos.
O eurodeputado fez questão de recordar a relevância económica da parceria transatlântica: “Juntos, representamos quase 30% do comércio global e 43% do PIB mundial.” Neste contexto, alertou que os sucessivos adiamentos na conclusão de acordos comerciais “já estão a ter um impacto significativo nas empresas e cidadãos dos dois lados do Atlântico, como também na perceção que ambos, europeus e americanos, têm entre si”.
Para o parlamentar do PSD, é essencial preservar a relação estratégica com os Estados Unidos, tanto do ponto de vista económico como político. “A nossa história não nos perdoaria se desistíssemos desta nossa relação transatlântica, pela partilha dos mesmos valores, mas também por razões económicas e estratégicas. O Atlântico que nos une torna-nos o centro do mundo”, defendeu.
O eurodeputado reforçou que “esta é uma necessidade política”, mas alertou para a importância de salvaguardar os interesses da União Europeia nas negociações. “Não devemos, nem podemos, ceder precipitadamente ou aceitar o que não autorizamos aos europeus”, frisou, numa crítica implícita a cedências unilaterais.
Na parte final da sua intervenção, Paulo do Nascimento Cabral apontou o caminho estratégico que a UE deve seguir: “Devemos manter as três premissas que nos têm guiado: negociar ao máximo aceitável com os Estados Unidos, diversificar as nossas parcerias comerciais com o resto do mundo, recuperando um lugar de influência que perdemos, e reforçar o nosso mercado interno, de modo a aumentar a nossa autonomia estratégica.”