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O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) condenou hoje a realização de uma tourada em Rabo de Peixe, considerando ser “uma nova tentativa da indústria tauromáquica de expandir o seu negócio” a São Miguel.

Segundo o MCATA, a tourada ocorreu no dia 21 de junho, no âmbito das Festas do Espírito Santo, em Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.

“O MCATA não compreende como é que na vila de Rabo de Peixe, com todas as graves carências sociais existentes, se decide destinar tanto dinheiro a uma tourada, trazendo os animais da ilha do Pico, num evento que associa a deseducação, sobretudo dos mais jovens, ao maltrato animal”, é apontado em comunicado.

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O movimento lamenta que “alguns responsáveis pelas festas, que se dizem católicas, procurem associar as Festas do Divino Espírito Santo”, que se destinam a fomentar “a solidariedade e os laços entre as pessoas da comunidade”, a um “divertimento bárbaro que importuna animais de pouca idade, praticamente indefensos” e “podendo causar lesões físicas” a alguns participantes.

No entender do MCATA, a tourada em causa constitui “uma nova tentativa da indústria tauromáquica de expandir o seu negócio à ilha de São Miguel, onde não existe nenhuma tradição de festividades baseadas no maltrato animal”.

O MCATA diz que “não compreende como é que a Câmara Municipal da Ribeira Grande, que deveria fomentar a educação das pessoas e o respeito pelos animais, decidiu permitir a realização do evento que mancha a imagem da autarquia e dos seus munícipes”.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande disse que a autarquia “não apoiou o evento” e “apenas autorizou” a realização da tourada, porque “cumpriu com os requisitos legais”.

“Apenas recebemos um pedido de licenciamento municipal para o evento, que foi realizado num terreno particular, com a autorização do proprietário. E, atendendo ao nosso regulamento, constatámos que cumpria os requisitos legais. Havia um parecer positivo da PSP e os boletins sanitários dos animais cumpriam com a legislação em vigor”, afirmou Alexandre Gaudêncio (PSD).

O MCATA refere que, no mesmo contexto festivo, em Rabo de Peixe, estava anunciada a realização de um “jogo do leitão untado para apanhar”, mas que “acabou por ser cancelado”, mas que ocorreu “há poucos dias, na freguesia de São Roque, no concelho de Ponta Delgada”, também em São Miguel, tendo sido posteriormente denunciado publicamente.

Ao contrário das touradas, para as quais “existe uma absurda e vergonhosa exceção na legislação, para este tipo de maltrato animal não existe nenhum enquadramento legal”, lamenta o movimento.

“Até quando as autoridades vão continuar a permitir e fomentar a realização deste tipo de eventos bárbaros contrários à civilização e à boa imagem do nosso povo?”, questiona o MCATA no comunicado.

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