O ciclo “Clássicos no Museu” acolhe no próximo sábado, 29 de junho, um momento particularmente especial, com o regresso à terra natal do jovem maestro açoriano Henrique Constância, que assumirá a direção do concerto deste mês no Núcleo de Arte Sacra do Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada.
Natural de São Miguel, Henrique Constância iniciou os estudos musicais no Conservatório Regional de Ponta Delgada, tendo escolhido o violoncelo como instrumento de eleição. Prosseguiu a sua formação na Academia Nacional Superior de Orquestra, com Paulo Gaio Lima, e posteriormente no Conservatorium van Amsterdam, com Gideon den Herder. No domínio da direção de orquestra, estudou com os maestros Ed Spanjaard e Antony Hermus, na capital holandesa, e com Gilberto Serembe na Italian Conducting Academy, em Milão.
O regresso de Constância aos Açores, onde reencontrará amigos, familiares e antigos professores, será marcado por um programa inteiramente dedicado ao universo das cordas, com obras de três compositores que exploram diferentes dimensões da emoção humana e da espiritualidade: Anton Bruckner, Arvo Pärt e Josef Suk.
A primeira obra do programa é o Adágio para quinteto de cordas, de Anton Bruckner, composta em 1862, ainda durante o percurso académico do autor. Trata-se de uma peça de grande introspeção e serenidade, onde cada linha melódica se entrelaça num diálogo lírico e contemplativo — uma verdadeira “oração musical” que evoca a paz e a eternidade.
Segue-se o Cantus in Memory of Benjamin Britten, de Arvo Pärt, uma das obras mais emblemáticas do compositor estónio. Escrita em 1977 como homenagem póstuma ao compositor britânico, esta peça para cordas e sino é um profundo exercício de meditação sobre o tempo, a morte e a beleza persistente do silêncio. A simplicidade do motivo repetido pelas cordas cria uma atmosfera hipnótica, transformando o som numa experiência espiritual única.
Por fim, o programa inclui a Serenata para Cordas, de Josef Suk, composta em 1892 sob a orientação de Antonín Dvořák. Estruturada em quatro movimentos, esta obra evidencia já o lirismo pessoal de Suk, combinando leveza formal com expressividade emotiva. A serenata é um verdadeiro diálogo entre instrumentos, alternando entre momentos de alegria, introspeção e exuberância final, que promete encantar o público.
O concerto é uma produção da Quadrivium – Associação Artística, com o apoio da Direção Regional das Artes e do Governo dos Açores, reforçando o compromisso com a valorização dos talentos açorianos e a promoção da música clássica na Região.
Mais do que um concerto, o evento deste sábado será uma celebração do regresso de Henrique Constância a casa — agora como maestro — e uma oportunidade única para o público açoriano experienciar, ao vivo, um programa de elevado valor artístico e emocional.