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Cada euro do orçamento da Universidade dos Açores traduz-se em 2,1 euros de valor acrescentado bruto (VAB) nacional, segundo um estudo apresentado hoje sobre o impacto da academia açoriana no ecossistema da região.

“Por via da sua atividade e investimento, a Universidade dos Açores consegue transformar cada euro do seu orçamento em 2,1 euros de VAB nacional. Este valor sobe para 3,3 euros por cada euro transferido da administração central”, revelou Ana Caetano, da empresa Ernst and Young, na apresentação do estudo, que decorreu em Ponta Delgada e foi transmitido ‘online’.

Segundo o estudo, “mais de dois terços” do efeito gerado pela Universidade dos Açores fica na região.

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Por cada aluno inscrito, o impacto médio anual no VAB nacional é de 22 mil euros e no VAB da região de 15.200 euros.

Olhando apenas para os consumos ou gastos dos alunos, esse valor atinge os 5.000 euros no VAB nacional e os 2.400 no VAB da região.

Entre 2018 e 2024, a exploração e o investimento da Universidade dos Açores permitiu gerar 435 milhões de euros em VAB, dos quais 69% ficaram na região.

Em 2024, estavam inscritos na academia açoriana 2.927 alunos, um número inferior ao registado no ano anterior (2.959).

Ainda assim, houve uma tendência crescente desde o ano letivo 2019/2020, em que estavam inscritos 2.623 alunos.

“Podemos destacar a significativa recuperação do número de estudantes logo após a pandemia [de covid-19] e o impulso da procura externa à região, que no último ano letivo já representou cerca de 22% do total de estudantes inscritos na universidade”, salientou Ana Caetano.

A Faculdade de Ciências Agrárias e do Ambiente e a Faculdade de Ciências e Tecnologia são as que têm maior capacidade de atração de estudantes externos, que, nestes casos, representam já 40% dos alunos inscritos.

A universidade açoriana concentra, no entanto, 75% dos seus estudantes em licenciaturas, quando a nível nacional há um maior peso dos ciclos de ensino mais avançados.

Segundo a responsável do estudo, estes números refletem algumas fragilidades estruturais na região, que “limitam o reconhecimento do valor de competências avançadas e a capacidade do tecido produtivo regional de oferecer pacotes remuneratórios competitivos a quadros técnicos altamente qualificados”.

O número de jovens açorianos que ingressam no ensino superior tem vindo a diminuir desde o ano letivo 2021/2022, passando de 2.478 para 2.070.

Ainda assim, a proporção destes jovens que escolhe a academia açoriana aumentou de 33 para 37%, neste período.

“Para muitos jovens a oferta de ensino superior na região foi crítica para a decisão de ingresso. Se a Universidade dos Açores não existisse ou não tivesse conseguido desenvolver este leque alargado de ofertas formativas, muitos destes jovens não teriam a possibilidade ou o interesse de continuar os seus estudos superiores”, sublinhou Ana Caetano.

Segundo o estudo, o número de pessoas empregadas com ensino superior na região aumentou na última década em cerca de 7.600 trabalhadores.

Neste período, a Universidade dos Açores formou cerca de 4.000 novos licenciados.

“Fica claro que a instituição tem uma cobertura significativa das atuais necessidades do tecido produtivo. Outra reflexão diferente é sobre a necessidade do tecido económico e produtivo da região ter maior capacidade de absorção de um volume superior de diplomados”, apontou a responsável pelo estudo.

O número de estudantes com bolsa de estudo na Universidade dos Açores aumentou nos últimos anos, atingindo os 36%, acima da média nacional (21%).

Também a capacidade de alojamento de estudantes em residências universitárias é superior à registada a nível nacional, com um total de 549 alunos em 2024.

O investimento da Universidade dos Açores em investigação e desenvolvimento aumentou de 9,2 milhões de euros em 2020 para 15,6 milhões de euros em 2023, tendo representado 106 milhões de euros na última década.

Enquanto a nível nacional o ensino superior representa cerca de 30% do total do investimento em investigação e desenvolvimento, nos Açores esse valor é o dobro (60%).

“A universidade é ainda o motor da investigação e desenvolvimento na região, por via da proporção que representa no total da despesa na região”, realçou Ana Caetano, acrescentando que isso reflete a dificuldade do setor empresarial regional em desenvolver este tipo de atividades.

 

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