Joaquim Machado, Deputado do PSD/Açores ALRAA
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Seriedade e respeito nunca são em excesso. Aliás, como sabemos, nestas coisas da moral, por mais trivial que seja o caso, não basta ser, é preciso também parecer. E na proposta relatório da comissão de inquérito ao incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo, não se vislumbrava nem uma coisa, nem outra, parecendo as conclusões mais um estado de alma – dir-se-ia na literatura, um monólogo interior.

Com a devida artimanha política, a versão subjetiva veio a público, ao jeito de fuga jornalística, logo escarrapachada como coisa definitiva, que não era, porque não discutida nem votada, como é bom de observar em democracia. Houve quem abraçasse a dita versão com a crença inabalável dos que se devotam à infalibilidade da bíblia, tomada à letra sem mais deriva. É uma devoção possível, como tantas outras, mas distinta da realidade.

Atente-se em dois exemplos, entre muitos que enfastiariam as meninges.

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Primeiro: todos os profissionais de saúde, incluindo a Ordem dos Médicos e a Ordem dos Enfermeiros, ouvidos na dita comissão, afirmaram-se contra a retoma da atividade assistencial nas antigas instalações, por razões de segurança médica e qualidade dos tratamentos, facto ignorado na versão inicial do relatório.

O segundo exemplo é no mínimo desconcertante, por contradizer a peritagem efetuada pela Polícia Judiciária, que concluiu a “origem acidental” do incêndio numa das baterias de condensadores. Com singular rigor, o relatório sentenciava o princípio de tudo numa bateria… desligada.

Já dizia o nosso Pessoa, “Não há relação entre solenidade e verdade”.

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