João Carlos Aguiar Teixeira - Texto e Fotos: Emanuel Carreiro
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Quase 50 anos de Autonomia não foram suficientes para tirar os Açores da cauda do país e da Europa!

Os Desafios da Convergência Económica e Social dos Açores foram o tema da reflexão e debate, promovido pela Associação Seniores de São Miguel (ASSM) quarta-feira, num hotel de Ponta Delgada. O conferencista foi João Carlos Teixeira.


 

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Quem é João Carlos Teixeira?

João Carlos Aguiar Teixeira É doutorado e mestre em Finanças pela Lancaster University, do Reino Unido, mestre em Gestão de Empresas (MBA) pela Universidade Nova de Lisboa e licenciado em Gestão de Empresas pela Universidade dos Açores. É Professor de Finanças na Faculdade de Economia e Gestão da Universidade dos Açores, desempenhando, desde 2021, as funções de Presidente da Faculdade e, por inerência, de Presidente dos Conselhos Científico e Pedagógico. No estrangeiro, já lecionou na Lancaster University, no Reino Unido. É, desde 2021, um dos dois representantes da Região Autónoma dos Açores no Conselho Económico e Social (CES) nacional e, por inerência, membro efetivo do Conselho Económico e Social dos Açores (CESA). Foi relator do parecer do Conselho Económico e Social nacional sobre a Conta Geral de Estado de 2022 e do parecer sobre a proposta de Orçamento de Estado para 2025. Preside à Comissão Especial de Acompanhamento do processo de privatização da Azores Airlines. Integrou o grupo de trabalho da Universidade dos Açores que, em parceria com a Universidade Nova de Lisboa, elaborou o estudo dos sobrecustos da saúde e da educação nos Açores. Integra o júri do Banco de Portugal de atribuição do Prémio de melhor dissertação de mestrado sobre a economia portuguesa. É o 1.º Vice-Presidente do Conselho Consultivo do Novobanco dos Açores. É membro do Conselho de Cooperação Estratégica da Nonagon, Parque de Ciência e Tecnologia de São Miguel.

Para João Carlos Teixeira, a convergência económica e social dos Açores entre si e com o restante território nacional e europeu enfrenta vários desafios estruturais, geográficos e socioeconómicos, entre os quais se destacam:

  1. O Isolamento Geográfico e a Ultraperiferia.

A Distância física do continente português e da Europa limita o acesso a mercados, encarece os transportes e dificulta a mobilidade de pessoas e bens. A condição de região ultraperiférica da União Europeia coloca constrangimentos adicionais, apesar das ajudas específicas.

  1. Economia Dependente do Setor Público e de Subsídios.

Forte dependência de transferências do Estado e fundos comunitários. O setor público representa uma grande fatia do emprego, o que pode dificultar o desenvolvimento de um setor privado dinâmico.

  1. Estrutura Económica Frágil.

Elevada dependência de setores como a agricultura e pescas (únicos setores em que estamos acima da média nacional) e turismo, com pouca diversificação económica, fraca industrialização e inovação tecnológica limitada.

  1. Desafios Demográficos

Envelhecimento da população e emigração dos jovens qualificados, o que agrava a escassez de mão-de-obra qualificada. A baixa densidade populacional, sobretudo nas ilhas mais pequenas, dificulta a prestação eficiente de serviços públicos.

  1. Infraestruturas e Conectividade

A necessidade contínua de investimento em infraestruturas de transporte, comunicações e energia.A conectividade digital ainda precisa de melhorias, especialmente nas zonas mais remotas.

  1. Educação e Qualificação

Taxas de escolaridade e qualificação profissional inferiores à média nacional.Necessidade de reforçar o ensino técnico e a formação profissional para colmatar défices no mercado de trabalho local.

  1. Sustentabilidade Ambiental
Mário Fortuna

A proteção do ambiente é crucial, dada a riqueza natural do arquipélago, mas pode colidir com interesses económicos imediatos, como o crescimento do turismo.

A Região Autónoma da Madeira em 2023 ultrapassou já o PIB per capita nacional. Enquanto a Madeira apresenta um PIB per capita superior à média nacional (em cerca de 8 %) os Açores ficam substancialmente abaixo (cerca de 12%) da média nacional.

Soluções e Perspetivas

Melhor aproveitamento dos fundos europeus, nomeadamente do PO Açores 2030.Promoção da inovação, digitalização, economia azul e energias renováveis. Políticas de coesão territorial e social, com enfoque nas ilhas mais pequenas e vulneráveis, são as medidas apontadas num planeamento que, no caso dos Açores, quase não existe.

Vitor Fraga

Mas nestes quase 50 anos nem tudo foi mau nos Açores, considerou Victor Fraga intervindo no período de perguntas e respostas. Não conseguimos sair da cauda do país e da Europa se não produzirmos riqueza, disse o antigo membro do Governo Regional. Quais são os fatores de riqueza que os Açores têm de implementar para sair desta situação? Victor Fraga aponta a SATA e o turismo. Não há nenhuma razão objetiva para a SATA Air Açores dar prejuízo, acrescentou, enquanto a Azores Airlines teve 55 milhões de euros de prejuízo só em novas rotas ensaiadas. A SATA internacional só tem três rotas lucrativas: Lisboa-Ponta Delgada, P, Delgada-Toronto e P. Delgada-Boston.

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