Igreja de Santo André em Vila Franca do Campo
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A igreja do antigo convento de Santo André, no concelho de Vila Franca do Campo, em São Miguel, vai ser alvo, no próximo mês, de uma intervenção arqueológica com escavações no local onde se crê terem existido as fundações da antiga igreja matriz, destruída pelo terramoto de 1522.

A iniciativa insere-se num projeto científico e cultural desenvolvido pela Câmara Municipal de Vila Franca do Campo em parceria com a Diocese de Angra, proprietária do imóvel, com o objetivo de recuperar a memória histórica e patrimonial daquele templo religioso e devolvê-lo à fruição da comunidade.

A proposta partiu de uma antropóloga forense vila-franquense, atualmente em estágio na autarquia, que pretende “dar vida” ao espaço através de um projeto que junta ciência, conservação e valorização cultural.

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A intervenção será liderada por Daniela Cabral, diretora científica das escavações, e pelo arqueólogo municipal Diogo Teixeira Dias. Em declarações à Rádio Atlântida, Daniela Cabral revelou que já foi realizada uma prospeção geofísica — uma espécie de “radiografia” ao subsolo — que permitiu identificar algumas anomalias na zona do altar e da sacristia. No entanto, as irregularidades detetadas foram de menor dimensão do que inicialmente esperado.

Além das escavações arqueológicas, o projeto inclui a restauração do altar e das imagens sacras, a análise de eventuais vestígios osteológicos (ossos humanos) e a inventariação dos bens imóveis e integrados no edifício.

Durante os trabalhos, o espaço permanecerá aberto ao público, permitindo que a população acompanhe de perto o processo arqueológico e compreenda a importância da ciência na preservação e estudo do património humano.

“Estou muito feliz por liderar um projeto com esta dimensão na minha terra”, afirmou Daniela Cabral, destacando o papel que a arqueologia pode ter na valorização da história local.

Sem uma data definida para o término da intervenção, os responsáveis sublinham que o ritmo dos trabalhos dependerá das descobertas feitas no local. A autarquia e a Diocese assinaram, em março deste ano, um protocolo que formaliza este projeto de cariz científico e cultural, assente em escavações, análises forenses, restauro e preservação.

O imóvel encontra-se atualmente encerrado ao público, mas o objetivo final é que este seja devolvido à comunidade como espaço de memória, cultura e identidade local.

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