Desde sempre, permanece o derrotismo intelectual no que concerne à política, por se ignorar circunstanciadamente as perspetivas por narrativas de tradição, um património nacional de justificações inçadas de narcisismo, agora por providencial messianismo uniformizado. À pergunta a partir de quando, a melhor resposta é precipitada.

O cidadão Gouveia e Melo aquando da abordagem inicial sobre a hipótese de se candidatar à Presidência da República de Portugal, sobretudo, apresentou a sua marca de água; turva, encenação de influência deletéria. Com alguma generosidade consigo imaginar o protagonista num papel de ‘escrivão da puridade’, levado à cena por arroubo dionisíaco, negou tudo.

Por princípio nunca votaria num candidato militar, à Presidência da República. A racionalidade desta exclusão reside na convicção de que a instituição militar cumpre as funções de serviço ao país dentro universo variegado onde se incluem as matérias de defesa e de segurança pelo que não se deve exorbitar em cauda, ou tentacular, até às opções e definições de políticas, da competência exclusiva dos poderes Executivo e Legislativo da soberania.

Os motivos que o levaram a mudar de ideia e candidatar-se à Presidência da República de Portugal, pelo contrário, a fortiori, deve manter os especialistas em task force e o seu legado operacional, na instituição militar, a começar por dentro e não reduzi-la a uma irreconciliável cadeia de comando, de boa memória, ao tempo da revolução, feita por um conjunto de oficiais subalternos, que aconteceu a fim de resolver assuntos militares, ou seja, reivindicações profissionais e corporativas que o país internalizou, conjugado o fracasso militar nas guerras das colónias, até que o povo acordasse em sobressalto com a externalidade.

De resto foi evoluído do funcionalismo um conjunto de regras e normas para a fiscalização do cumprimento da Constituição. Transitoriamente do tipo, Conselho da Revolução, órgão não eleito, e extinto no ano de 82 do século passado, beyond the line, por precaução do risco de grãos de areia na engrenagem da democracia. Uma expressão eufemística, concede ao período transicional a perspetiva de “consolidação democrática orientada” ao libertar-se da excessiva influência do MFA para que Portugal concluísse de facto a transição democrática. Ora, o momento atual não se compadece com o dito por não dito, se não vos falha a memória, da declaração pelo próprio de incaracterística possibilidade de candidatura. Volte-face, obscuro mesmo desipotecado o passado histórico golpe militar de Maio de 1926, para a ditadura militar.

No prelúdio da sobreposição, da candidatura induzida por fatalidade sistémica, com a presidência em curso e regresso à normalidade política com a tomada posse do governo, os fundamentos subjetivos de bosquejo de candidato e aparições com o lema de unir por decomposto, seria o fósforo aceso atirado para o barril de pólvora do aparecimento de atores políticos na disponibilidade. Francamente! Há que repudiar a ‘simples’ lógica de comando, pela democrática garantia de checks and balances, freios e contrapesos, de regularidade entre os diversos órgãos constitucionais e relegar a candidatura de um militar à Presidência da República para o plano teorético.

Prudência! Agora que o governo recebeu da NATO o estímulo injuntivo para o aumento da canga orçamental de Defesa.

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