Os partidos representados no parlamento dos Açores reconheceram hoje que o combate aos comportamentos aditivos e dependências na região passa pela aposta na prevenção, por políticas públicas “robustas” e por “uma abordagem séria e correta” do problema.

“O mundo das drogas é uma tragédia que não podemos ignorar e que bate à porta de inúmeras famílias açorianas”, disse hoje no parlamento regional, na Horta, o líder parlamentar do Chega, José Pacheco, na abertura do debate de urgência pedido pelo partido sobre “O combate às dependências químicas e tecnológicas: o que temos feito ou podemos fazer?”.

Segundo Pacheco, as recentes drogas sintéticas “são baratas, fáceis de esconder, difíceis de penalizar” e estão a espalhar-se pelas ilhas do arquipélago “com consequências devastadoras. Estão a destruir vidas, famílias, comunidades inteiras”.

Para o líder parlamentar do Chega, “é preciso agir em várias frentes, em várias áreas”. Na saúde, defendeu “ferramentas para prevenir, diagnosticar e tratar” e, na educação, apontou a promoção de estilos de vida saudáveis.

O parlamentar também colocou algumas questões ao executivo regional: “Onde está o tão falado plano de prevenção às dependências?”, “Que medidas concretas estão a ser tomadas para combater as dependências químicas e tecnológicas?”, “O que temos feito para envolver as famílias e as comunidades neste combate?”, “Qual o grau real de envolvimento dos agentes desportivos e culturais?” e “Que avaliação tem sido feita sobre o uso de metadona nos açores?”.

Seguiram-se intervenções de várias bancadas, com o deputado socialista Russell Sousa a defender “políticas públicas que respondam com dignidade, humanidade e eficácia” a quem tem comportamentos aditivos e dependências.

O PS entende que “é importante avançar para a criação de um Plano Regional para o Combate às Novas Substâncias Psicoativas, porque estas substâncias, muitas vezes produzidas em laboratórios clandestinos e comercializadas como aparentemente legais ou inofensivas, têm ganhado terreno nos Açores, sobretudo entre os jovens”.

Já a líder parlamentar socialista, Andreia Cardoso, defendeu que “conseguir pôr todos a trabalhar em rede” é o grande papel do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) no combate ao problema.

Para Jaime Vieira (PSD), o assunto “exige mais do que promessas e boas intenções”, nomeadamente “políticas públicas robustas”, sublinhando que o executivo de coligação assumiu o combate como “uma prioridade”.

O parlamentar social-democrata acrescentou que as dependências não escolhem ilhas, nem distinguem ricos e pobres, sendo “precisamente por isso que a resposta tem de ser coletiva, forte, musculada e, acima de tudo, com muita humanidade”.

Pedro Pinto (CDS-PP), salientou que os programas de prevenção “devem ser o pilar central na luta contra as dependências” e lembrou que o executivo tem aplicado medidas concretas que têm apresentado resultados positivos.

Também João Mendonça (PPM) assumiu que o combate “não passa só pela autoridade, precisa de educação, respeito e acolhimento”. “Reconhecemos que este governo assumiu desde o início esta prioridade”, disse, reconhecendo que os resultados “levam tempo” a alcançar.

Já Pedro Neves (PAN) declarou que não culpava nem atacava o executivo relativamente às dependências, por ser um problema “demasiado grave para a sociedade” e não se conseguir resolver de “forma leviana”.

O parlamentar do BE António Lima afirmou que as questões ligadas às dependências “são sensíveis” e necessitam de “uma abordagem séria e correta”.

Também admitiu que na região existem “problemas sérios” e é “mais do que tempo de se aproximarem os serviços de saúde dos consumidores”.

Por sua vez, Nuno Barata (IL) considerou que a prevenção é mais importante do que o tratamento, apontando que este “é o último recurso, é o fim da linha”.

Na sua opinião, o trabalho na prevenção “cabe a todos”: “Não é um assunto de fácil solução, mas deve envolver toda a sociedade”.

 

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