Entre memórias de infância, ensaios em família, apoio escolar e o orgulho de representar os Açores, Mariana contou ao Jornal Açores 9 como tudo começou e o que significa viver este sonho.
Açores 9 – Mariana, quando é que descobriste que gostavas mesmo de cantar? Há algum momento especial que te lembras?
Mariana – Desde pequena, com os meus 2 a 3 anos, sempre que ouvia música adorava cantar (à minha maneira), mas depois, com o passar dos anos, ia para o piano do meu pai, fingia que sabia tocar, ligava o microfone e punha-me a cantar. Adorava! Tenho vídeos que a minha mãe gravava às escondidas porque eu não queria que ela gravasse.
Sim, há um momento que recordo como se fosse ontem. Tenho isso em vídeo até: o meu pai a tocar e eu a cantar a música da Sara Tavares, “Chamar a música”, a minha música preferida da época. Tinha uns 5 anos.
Açores 9 – Como é que a tua família te tem apoiado neste sonho? O que sentiste quando te disseram que ias poder participar no The Voice Kids?
Mariana – A minha família tem sido o meu maior apoio, e também as minhas amigas da escola. O meu mano João, sempre orgulhoso quando a minha mãe postava vídeos meus, dizia que eu ainda ia ao The Voice Kids, porque eu adorava ver o programa e ele dizia: “Um dia és tu ali naquele palco.”
A minha mana (prima) Matilde – chamo-lhe a postiça, ahahah – vive connosco e é um grande apoio, incentiva-me muito a não desistir. O meu pai ajuda-me nos ensaios, às vezes discordamos e acabamos por desistir por sermos teimosos os dois, mas ele dá sempre as melhores dicas.
A minha mãe é aquela mãe que não baixa os braços. Quando disse que queria voltar a concorrer este ano – porque no ano passado nem aos castings fui – ela disse logo: “Bora as duas nesta aventura.” E lá fomos, super felizes.
Quando recebi a notícia que ia entrar no The Voice Kids, nem queria acreditar. Fiquei muito emocionada e super feliz!
Açores 9 – Tens apenas 13 anos e já participas num programa de televisão nacional. Estás nervosa? Como te preparaste para este momento?
Mariana – Sim, estou nervosa, faz parte. Mas com o apoio da maravilhosa família, das minhas amigas e da minha estrelinha (a minha avó Glória), tudo tornou-se mais fácil.
Sou um pouco ansiosa e tinha receios, mas depois pensava: “Sou capaz. E se este é o meu sonho, vou conseguir.” Só entrar já foi uma grande vitória. Fui com pensamento positivo, fui para aproveitar todos os momentos, conhecer pessoas novas e, acima de tudo, divertir-me.
Açores 9 – Fazes parte do Grupo de Cantares Tradicionais da Lagoa. O que é que essa experiência te tem ensinado? Sentes que a música tradicional te representa?
Mariana – Foi no grupo de cantares de Santa Cruz da Lagoa que comecei a cantar sozinha pela primeira vez, numa festa de Natal. Foi um momento muito especial, porque sempre fui tímida a cantar para as pessoas. Nunca me esqueço das palavras do meu maestro: “O pintainho está a sair da casca.” E ele tinha razão!
Adoro música tradicional portuguesa, porque nos representa enquanto povo. A nossa música tem sentimento, e eu adoro cantar em português.
Açores 9 – Disseste que queres ser obstetra quando fores mais velha. Como é que consegues conciliar os teus sonhos profissionais com a música?
Mariana – Conciliar ser obstetra com a música? Ainda não pensei muito nisso, até porque também gostava de compor as minhas próprias músicas. Mas com calma e vontade, tudo se consegue.
Açores 9 – O que significa para ti representar os Açores num palco tão importante como o The Voice Kids? Sentes essa responsabilidade?
Mariana – Para mim, representar os Açores é um orgulho imenso. Sei o quanto trabalhei e me esforcei para conseguir levar a nossa bandeira até ao palco do The Voice Kids. É uma grande responsabilidade – levei comigo São Miguel, mas também as outras oito ilhas.
Sou açoriana com muito orgulho e fui muito bem recebida pela produção e pelas pessoas que conheci lá. Acredito que fiz amizades para a vida.
Açores 9 – Se pudesses dar uma mensagem a outras crianças e jovens açorianos que também têm sonhos grandes, o que lhes dirias?
Mariana – Não deixem de lutar pelos vossos sonhos. Nem sempre corre bem – a minha primeira vez não correu, nem fui aos castings. Mas não desisti, e vocês também não desistam.
Nem sempre ouvimos o que queremos, há colegas que gozam, mas façam como eu: ignorem e sigam em frente.
O meu sonho era ir ao The Voice. Fui, consegui. E vocês também podem conseguir, mesmo que os vossos sonhos sejam diferentes. Façam os vossos sonhos acontecer.