O Eurodeputado açoriano Paulo do Nascimento Cabral integrou a missão oficial da Comissão das Pescas do Parlamento Europeu à Dinamarca, onde participou num programa intenso de visitas e reuniões que antecede a presidência dinamarquesa do Conselho da União Europeia, a iniciar-se a 1 de julho.
Em declarações, Paulo do Nascimento Cabral manifestou-se “muito satisfeito por participar nesta missão, pelo programa muito completo, mas também pelo momento em que ocorre”, sublinhando a importância das discussões que terão lugar sob liderança dinamarquesa, nomeadamente sobre as quotas de pesca para 2026 e o Pacto do Oceano.
A missão começou em Aalborg, com passagem pelos portos de Skagen e Hirtshals, onde os eurodeputados puderam visitar a indústria de transformação de pescado e duas embarcações: uma de grande dimensão, que opera em águas internacionais como o Estreito de Bering ou ao largo da Islândia e Irlanda, e outra mais pequena, dedicada ao camarão, com apenas três tripulantes.
“Foi impressionante ver o nível de tecnologia e higiene destas embarcações, que operam com pequenas equipas mas grande eficiência. A embarcação costeira, por exemplo, funciona como uma unidade industrial, com seleção automática, cozedura e congelamento do camarão em segundos. Este é um modelo que temos de replicar”, afirmou o eurodeputado social-democrata.
Outro ponto destacado foi a valorização integral do pescado, com transformação das sobras em farinha e óleo de peixe para rações animais. “É um aproveitamento completo que nos deve fazer refletir: quando importamos 70% do pescado que consumimos na União Europeia, faz sentido desperdiçar tanto?”.
Em Copenhaga, a missão incluiu uma visita ao leilão de peixe tradicional e ao Oceanário do Mar do Norte, que também funciona como centro de testes de artes de pesca e tecnologias sustentáveis. Houve ainda encontros institucionais com o Ministro das Pescas dinamarquês e o Comissário Europeu das Pescas e Oceanos.
Paulo do Nascimento Cabral aproveitou para alertar a futura presidência dinamarquesa e a Comissão Europeia para a urgência de acelerar o processo de definição das oportunidades de pesca, e apelou à intervenção junto da Noruega para resolver a situação de “quase monopólio” na venda de bacalhau para Portugal, agravada pelas sanções à Rússia. “A subida de preços está a causar sérios prejuízos às empresas portuguesas”, denunciou.
O Eurodeputado voltou a insistir na necessidade de proteger o setor das pescas nas Regiões Ultraperiféricas, nomeadamente com o restabelecimento do POSEI-Pescas.
Durante a estadia em Copenhaga, os eurodeputados reuniram também com o Presidente do Parlamento Dinamarquês, num encontro onde se discutiu, entre outros temas, a situação da Gronelândia. “Ficou claro que os dinamarqueses rejeitam qualquer tentativa de anexação e que valorizam a relação com a Gronelândia, reconhecendo que há mais a fazer”, indicou.
Por fim, Paulo do Nascimento Cabral referiu que os dados sobre o goraz são preocupantes, e relatou a reunião com a Agência Europeia do Ambiente e o ICES – Conselho Internacional para a Exploração do Mar, onde recebeu elogios ao trabalho dos Açores na proteção de 30% das suas águas como Áreas Marinhas Protegidas.
“Relembrei a aprovação do meu projeto-piloto para a instalação do Observatório Europeu do Mar Profundo nos Açores, considerada uma excelente iniciativa”, afirmou, concluindo que é essencial que as quotas de pesca passem a ser definidas com horizontes plurianuais, garantindo estabilidade e previsibilidade para os pescadores e respeitando os três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e económica.