A Federação Agrícola dos Açores veio a público alertar para as falhas persistentes no modelo de transportes marítimos de mercadorias, que continuam a prejudicar gravemente a atividade agrícola em várias ilhas do arquipélago, nomeadamente na Graciosa, Pico, Flores e Santa Maria.
A denúncia surge na sequência dos constrangimentos recentemente divulgados pela Associação de Agricultores da Graciosa, associados à impossibilidade de escoar gado vivo daquela ilha, situação que reflete problemas estruturais no atual sistema de transportes marítimos. Para além das recorrentes alterações e atrasos nas rotas provocados pelas condições climatéricas, a Federação destaca agora a escassez de contentores como fator adicional de bloqueio logístico.
Na ilha do Pico, estima-se que estejam retidas cerca de 500 cabeças de gado bovino, prontas para expedição, mas sem contentores disponíveis para o transporte. Já na ilha das Flores, embora a situação tenha sido temporariamente ultrapassada, a ausência de contentores de frio impediu o envio de carcaças e a chegada de fatores de produção essenciais, como o adubo.
Em Santa Maria, a Associação de Agricultores tem vindo, há vários anos, a exigir a normalização das rotas e escalas que permitam o escoamento regular de gado vivo, carcaças e outros produtos agrícolas perecíveis. Casos como o da FRUTER, empresa produtora de próteas com destino ao mercado internacional de Aalsmeer (Países Baixos), são exemplo das perdas económicas resultantes da incapacidade de colocar os produtos atempadamente no mercado.
Perante este cenário, a Federação Agrícola dos Açores reitera que é prioritário rever e adaptar o atual modelo de transportes marítimos, sublinhando que o mesmo deve assegurar um abastecimento regular, eficiente e sustentável aos mercados regionais e internacionais. Só assim será possível valorizar o trabalho dos produtores, garantir a competitividade do setor e gerar valor em toda a cadeia agroalimentar dos Açores.